Os primeiros sinais do tipo de acolhida que os alunos recebem estão num letreiro e em palavras colocadas no mural no hall da Escola Estadual Gomes Carneiro, na zona norte de Porto Alegre. "Bom retorno" se lê de um lado. No outro quadro, impressas em folhas A4, "Fé", "Resiliência", "Respeito", "Empatia", "Solidariedade", "Amor" e "Cooperação".
Ainda na porta, a recepção é com álcool gel, medidores de temperatura e saudações de uma ou mais professoras que já esperam ali os alunos chegaram. Por enquanto, é apenas para as as duas primeiras séries, mas, nos próximos dias, a Gomes Carneiro vai receber mais alunos de outras séries.
Não tem uma janela emperrada. Ninguém me contou. Eu vi porque fui nas salas verificar hoje pela manhã, durante a transmissão do Gaúcha Atualidade.
Aliás, eu não conhecia a escola até hoje. A produção da Gaúcha usou como critério uma escola pública, com aulas, não muito distante de nós e com professores dispostos a nos receber. Durante uma hora e 50 min, discutimos os desafios da retomada das aulas depois de um ano de afastamento.
Encontrei professoras otimistas e engajadas na ideia de volta gradual, com o ambiente sanitário mais seguro possível. A diretora, professora Suzana Souza da Silva, conta que não é tarefa fácil. Tudo exige muito cuidado e é novo para todos. Ter uma sala sempre arejada, cuidando com o distanciamento físico e garantindo a higienização permanente são tarefas adicionais à rotina daquilo que sempre foi o trabalho do professor.
Muito se fala sobre a importância do "engajamento comunitário". Mas o que é isso, perguntei à professora Ana Paula, vice-diretora. É a conexão mais forte possível dos pais, vizinhos da escola, entidades da região. Se a escola precisa de pintura, os professores comunicam à autoridade, mas não ficam esperando por uma resposta que pode demorar. Provocam a comunidade para a necessidade de reforma. E assim, com a participação de muitas frentes, a escola vai se aprimorando.
A corrente criada para tornar a escola o ambiente central da região traz consigo a ideia de que o colégio pode ser mais seguro e precisa encontrar um caminho para atender presencialmente as crianças. Certamente, existem escolas em piores condições que a Gomes Carneiro. Depende muito do poder público, mas a mobilização e o engajamento são essenciais.