No verão de 1998, desembarquei de um ônibus do Expresso Caxiense na rodoviária de Porto Alegre e caminhei até o prédio da RBS, na esquina da Ipiranga com a Erico Veríssimo, para me apresentar no novo emprego.
Eu mal conhecia a cidade, andava olhando as placas, conferindo anotações de referências. Com exceção de visitas esporádicas a familiares aqui, Porto Alegre era distante demais, grande demais para mim, até eu me mudar pra cá.
Sou um dos tantos adotados pela Capital, que é hoje uma cidade melhor do que aquela que encontrei 23 anos atrás.
Em 1998, não tinha a orla do Guaíba revitalizada. Era o Gasômetro e só. O Largo dos Açorianos, um marco da cidade, era um descampado abandonado, sujo e degradado. Uma das principais artérias da cidade, a Terceira Perimetral começava a sair do papel. A EPTC não existia para organizar o trânsito.
No início dos anos 2000, Porto Alegre fechava hospitais. Mesmo antes da pandemia, passou a abrir mais leitos, que o digam os moradores da Restinga.
Chegar e sair da cidade, mais recentemente, passou a ter a alternativa de uma segunda ponte. A ligação de Porto Alegre com a Região Metropolitana e o Vale dos Sinos não depende mais apenas da BR-116.
No virada da primeira década do século, uma das grandes chagas dos nossos tempos passou a nos aterrorizar com força ainda maior. A violência acossou o gaúcho, mas sobretudo o porto-alegrense, de uma forma nunca antes vista. A escalada da criminalidade chegou a um ponto insuportável em 2016.
Dois anos depois, a virada no combate ao crime começou a produzir resultados, e hoje Porto Alegre é, sim, uma cidade mais segura — ainda que longe do ideal. Quedas de até dois dígitos por semestre em crimes como roubo de veículo, homicídios e latrocínios precisam ser comemorados e são parte de um conjunto de elementos que dizem respeito diretamente ao nosso bem estar.
A cidade precisa evoluir bastante. Porto Alegre ainda carece de uma certa estabilidade na sua zeladoria. As grandes ofensivas de melhoria do aspecto da cidade sempre vêm depois que muitas áreas ficam descuidadas demais. Ainda assim, é inegável que a cidade melhorou. E ainda há muito por ser feito.