Um grupo de 500 familiares de vítimas do coronavírus do norte da Itália vai levar as autoridades do país à Justiça por suposta negligência no enfrentamento à pandemia. O primeiro-ministro, Giuseppe Conte, o ministro da Saúde, Roberto Speranza, e o presidente da Lombardia, região mais atingida pela primeira onda, Attilio Fontana, são alguns dos alvos das ações.
A alegação principal é de que a falta de coordenação dos três contribuiu para o saldo de 70 mil mortos na Itália. Os processos se baseiam na ideia de que faltou um plano nacional de combate à covid-19 atualizado diariamente e que houve falha na implementação de estratégias regionais, coordenadas pelo governo federal.
Os familiares das vítimas se organizam em torno de um grupo intitulado Noi Denunceremo (Nós Denunciaremos). Eles buscam indenização equivalente R$ 1,6 milhão por familiar que morreu por causa do coronavírus. O grupo informou que a ação é uma forma de não deixar a incompetência do governo cair no esquecimento.
Se fizer eco, a reação dos italianos causaria transtornos no Brasil, que, ao contrário da Itália, implementou estratégia nacional hesitante desde o começo, a ponto de o presidente afirmar recentemente que a pandemia estava no final. Ainda março, Jair Bolsonaro adotou uma linha para minimizar a doença que já matou 188 mil brasileiros.
Na Itália, apesar desta batalha judicial e de criticas à demora na tomada de decisões no início da pandemia, o primeiro-ministro teve uma atuação elogiável para uma boa parte dos italianos. Ao final da primeira onda, no verão, pesquisa feita pela RAI mostrou que 59% consideravam muito boa a condução de Conte à frente do país na pandemia.