Um desabafo emocionado do secretário estadual da Educação, Faisal Karam, nesta quarta-feira, escancarou uma falha de gestão do governo federal na pandemia. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o secretário mediu as palavras antes de fazer cobrança e disparou:
— Estamos à deriva. A educação brasileira não tem tido a orientação necessária para uma retomada mais organizada no país. A educação sem orientação — afirmou.
O secretário tem razão. Se tem uma um área em que o governo federal lavou as mãos, esse setor é a educação. Um bom indicativo desta falta de orientação é a volta às aulas. Cada estado parece ter uma realidade diferente sobre o comportamento da doença. Ainda assim, o Ministério da Educação se omite na apresentação de uma política nacional para a volta das atividades. Seria esperar o mínimo agora do MEC, uma agenda comum de desafios para a retomada, um plano de reestruturação escolar, um mapa organizado das diferentes realidades do país, com o que cada estado pode contribuir, como outros países enfrentaram a reativação das escolas públicas e privadas, unificação de estratégias, projetos, projeções e estudos — se os têm, não sabemos.
Há menos de um mês no cargo, o professor Milton Ribeiro não deve ter dito tempo ainda de tirar das cinzas o que sobrou do MEC depois de Abraham Weintraub. É injusto colocar apenas na conta do atual ministro a situação atual da educação. E a julgar pelo que se viu até agora, a retomada das aulas vai ser no ritmo do "cada um que se vire como pode".