Alista começa por um leitor gaúcho, hoje morador de Sete Lagoas, em Minas Gerais. Segundo ele, esta dúvida surgiu quando construíram, na sua rua, pequenos quebra-molas para forçar a redução de velocidade. "Por causa de suas dimensões reduzidas", diz ele, "sempre me referia a eles como pequenos quebra-molas, mas fica muito grande e cansei. Gostaria de usar direto o diminutivo, mas não sei se posso usar quebra-molinhas. Existe? Se não existe, de que outra maneira poderia chamá-los?".
Caro amigo, pode usar à vontade. Os vocábulos compostos também admitem a formação de derivados por sufixo: levou uma guarda-chuvada, ele é famoso por seu pão-durismo, é muita sem-vergonhice, etc. No caso dos diminutivos, a posição do sufixo vai depender dos elementos que formam o vocábulo. Nos compostos formados por substantivo+adjetivo, o sufixo fica no primeiro elemento: onça-pintada, oncinha-pintada; cachorro-quente, cachorrinho-quente; nos que são formados por verbo+substantivo (os mais numerosos, aliás), fica no segundo: papa-terra, papa-terrinha; guarda-chuva, guarda-chuvinha; vira-lata, vira-latinha – e, naturalmente, quebra-molas, quebra-molinhas.
Já Roberto L., de algum lugar de Santa Catarina, quer saber por que o filhote do porco se chama leitão. Sua dúvida: "Se é um porco pequeno, qual é o motivo de usarmos o final -ão, característico do aumentativo? O final -inho não seria mais apropriado?". Ora, prezado Roberto, o -ão aqui não indica um tamanho aumentado, como em livrão ou tijolão, mas sim a um hábito, a uma ação frequente e característica, como em comilão, fujão ou mandão. Não lhe ocorreu perguntar por que leitão, sendo o filhote de um porco, usa o radical da palavra leite? Evidentemente, o nome designa o animal que ainda está sendo amamentado – algo assim como mamão ("que ainda mama") que empregamos para os cordeiros. Se quiseres saber, o vocábulo também tem lá o seu diminutivo, que é leitãozinho (e não leitinho, como certa feita sugeriu um dos meus alunos).
Finalmente, chega a vez da leitora Cássia A., de Tupanciretã, RS: "Sei que a palavra noz tem os diminutivos irregulares núcula e nucela. Gostaria de saber se ela também tem o diminutivo regular nozinha, que não vi no dicionário". Ora, prezada leitora, nosso idioma é muito generoso e nos permite formar, se quisermos, o diminutivo em -inho (ou -zinho) de qualquer substantivo ou adjetivo. Se vez tem vezinha, luz tem luzinha, noz também pode ter nozinha (aliás, usamos muito, aqui em casa, no Natal). Para economizar espaço, os lexicógrafos – no que fazem muito bem – deixam de registrar os diminutivos regulares e se preocupam apenas com aqueles que têm um significado diferente do grau normal do vocábulo: bandeirinha, como auxiliar do árbitro de futebol; folhinha, como calendário; camisinha, como preservativo; chapeuzinho, como acento circunflexo; etc. É exatamente por isso que nozinha não precisa figurar no dicionário.