Gwyneth Paltrow tem um Oscar (e um Brad Pitt) no currículo, mas o cinema se tornou apenas um hobby. O lance dela agora é vender “estilo de vida”. Em 2008, a atriz lançou uma newsletter que recomendava marcas de chás e lingeries para mulheres que, como ela, estavam acostumadas a comprar chás, lingeries e outras delicadezas sem precisar perguntar o preço ou se a loja parcela em cinco vezes no cartão. O site Goop podia ter sido apenas um passatempo entre um filme e outro, mas acabou virando um negócio que vale hoje cerca de US$ 250 milhões e emprega dezenas de pessoas. Além de mais rica ainda do que já era, a atriz também se tornou uma das celebridades que os americanos mais amam odiar.
Especializado em vender produtos esdrúxulos como ovos de jade que devem ser introduzidos na vagina para “tonificar o assoalho pélvico”, unguentos à base de veneno de sapos amazônicos que limpam os intestinos, barras de oxigênio (sabe-se lá para quê...) e tratamentos de beleza que incluem submeter-se voluntariamente a picadas de abelhas, o Goop surfou como ninguém na onda contemporânea do “bem-estar”. Sim, você pode ser o que quiser, o seu “melhor eu”, aqui e agora. Basta comprar os produtos certos – que, não por acaso, estão disponíveis no Goop para qualquer cliente disposto a abrir o bolso e desligar o desconfiômetro.
Nos últimos dias, Gwyneth Paltrow e sua empresa viraram notícia mais uma vez. A prestigiada editora Condé Nast, que publica revistas como Vanity Fair e New Yorker, exigiu que o site verificasse a base científica dos produtos que vende e divulga. Gwyneth Paltrow preferiu romper a parceria com a editora a adotar medidas “antiquadas” como checar informações. Ao decidir morrer abraçado com a pseudociência que o tornou célebre e milionário, o site deixou de ser visto como apenas ridículo e passou a ser criticado por comercializar produtos que podem oferecer riscos à saúde.
O mais curioso nessa polêmica é que todas as críticas ao Goop, ao invés de prejudicarem o site, aumentaram sua audiência. Links de blogs remetiam direto para o site que estava sendo criticado, gerando um tráfego intenso de novos usuários – o que, no mundo digital, é como encontrar um poço de petróleo no pátio de casa.
A própria atriz definiu as críticas que vem recebendo como uma “tempestade de fogo cultural” que deveria ser explorada e “monetizada”.
O ódio de parte do público funcionou como gasolina nessa tempestade de fogo: quanto mais Gwyneth Paltrow é acusada de vender gato por lebre e de ignorar o que a ciência tem a dizer a respeito de ovos de jade e sapos amazônicos, mais atrai clientes que preferem “fatos alternativos” à verdade. Quanto mais idiota o produto, mais seus fãs ficam satisfeitos e pedem mais.
Qualquer semelhança com a política brasileira é mera coincidência.