Uma maior utilização das categorias de base é uma antiga luta de todos no Grêmio. O trabalho de excelência realizado no clube sempre garantiu bons resultados técnicos e ótimas vendas de atletas oriundos de Eldorado. E uma frase do presidente Alberto Guerra, nesta semana, revelou um pouco dos bastidores desta relação.
Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, o Guerra, ao ser questionado sobre alguns meninos da base, disse o seguinte:
— Eu não gostaria de vender, agora se eu vou vender é diferente. Eu não gostaria e tenho batalhado muito, inclusive, para abrir espaço para esses jogadores.
Basta uma leitura mais profunda desta afirmação para termos uma ideia da dificuldade dos dirigentes em relação à utilização de jogadores oriundos da base no time principal. Quando Alberto Guerra afirma que "trabalha muito para abrir espaço" para os jogadores da base, fica claro que essa não é uma premissa fundamental da comissão técnica, e, por consequência, do próprio Grêmio. E esta é uma crítica de muitos torcedores ao técnico Renato.
Mesmo diante de números importantes de utilização de meninos no trabalho de Renato à frente do Grêmio, é crescente a crítica de que o clube demora muito para lançar estes jogadores. Na Era Renato, no entanto, foram muitos os jovens vendidos para a Europa, e isso causa uma confusão no desenvolvimento deste pensamento. Isso aconteceu por disputa interna e briga dos dirigentes pelo espaço ou pela vontade do treinador?
A frase do presidente Guerra corrobora com o pedido de parte da torcida. A função do dirigente não deveria ser a disputa interna para a utilização de jovens base. A história vitoriosa do Grêmio sempre esteve conectada a utilização de jogadores formados em casa, e o próprio Renato é prova disso. Essa premissa deveria estar tatuada na relação de todos no Grêmio. O time sub-20 está dando um show da Copinha, e deveria ser óbvia a utilização de muitos destes meninos no profissional neste início do ano.
O presidente do Grêmio, convenhamos, não deveria estar brigando por espaço para quem vai garantir o futuro do clube. Situações como esta deixam claro que o Tricolor tem muitos caminhos que precisa ajustar.