Ainda tem gente que acredita que o Holocausto não existiu.
Ainda tem gente que diz que ele foi uma invenção dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
O holocausto existiu. Tanto é que persiste o antissemitismo até hoje.
Foram 6 milhões de judeus assassinados no período mais nefasto da nossa história. Jamais houve um genocídio semelhante, uma monstruosidade comparável. Inocentes eram mortos com rapidez de fábrica, em inúmeras câmaras de gás que funcionavam ao mesmo tempo, para tentar dizimar uma etnia, uma religião, uma civilização inteira.
O que o presidente Lula fez ao comparar a guerra na Faixa de Gaza ao Holocausto não é apenas uma inverdade, é um exagero criminoso. Querendo chamar a atenção para um propósito justo — a morte de milhares de crianças na Faixa de Gaza, vítimas do conflito bélico entre Israel e Hamas —, acabou banalizando a máquina de extermínio de judeus de Adolf Hitler:
— É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus.
Lula induz os brasileiros a pensar que aquilo que está se desenrolando agora, numa guerra iniciada por um grupo terrorista, é igual ao que ocorreu nos campos de concentração.
Passa uma borracha na complexidade do atual embate, já que Israel vem se defendendo de uma facção (ator não estatal violento) que matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua carta de fundação a eliminação do próprio Estado de Israel.
O presidente perdeu a postura, a proporção, a chance de ficar calado, e inflamou um ódio declaradamente antissemita.
Seu gesto demonstra uma aversão à diplomacia, a ponto de caracterizar os palestinos como os novos judeus. Sua inversão é assombrosa: os judeus que sofreram o Holocausto estariam infligindo o Holocausto. Além de minimizar as quarenta mil instalações na Alemanha e nos territórios ocupados pelos nazistas, utilizadas para concentrar, manter, explorar, torturar, fazer experimentos científicos como se os judeus fossem ratos, e aniquilar 2/3 de um povo espalhado pelo mundo, ainda declara que Israel comete idêntica barbárie.
Sempre que Lula improvisa, ele se aprofunda em gafes. Quando foge do discurso da sua assessoria, talvez seja exatamente o momento em que declara o que realmente pensa, e o preconceito vem à tona. E descobrimos assim, nesses breves intervalos de sincericídio, quem de verdade está nos comandando.
Lula é maduro o suficiente, em seu terceiro mandato, para se responsabilizar pelas suas próprias palavras.
O que não pode esquecer é que há uma lei da União Europeia (UE), de 2017, que pune com prisão aqueles que negam o Holocausto.