O Inter foi vice-campeão brasileiro em 2022 com o mesmo plantel de titulares, com o mesmo treinador, não era para ter começado claudicante no Gauchão. O desempenho nem pode ser debitado ao início de trabalho, até porque se trata de uma continuidade. Esperava-se, inclusive, um maior entrosamento com a manutenção da base classificada para a Libertadores.
O que aconteceu para ocasionar tamanha irregularidade? É a onipresença de Luis Suárez.
A contratação gremista do uruguaio, o quinto maior atacante em atividade no mundo, abalou o emocional do rival.
De repente, só se fala do Luisito na reportagem esportiva. Não só de suas atuações de luxo em campo na competição regional (quatro gols em seis jogos), mas também de sua simplicidade e simpatia na padaria, no açougue, no supermercado, no shopping, nos restaurantes, passeando com a família, mateando nas horas de lazer e atendendo os fãs com um sorriso brejeiro.
Temos um superastro ex-Barcelona entre nós, acessível e disputado pela opinião pública estrangeira. Qualquer suspiro dele vira notícia.
É o segundo mais bem pago atleta do país, com um salário na casa dos R$ 2 milhões por mês, somente atrás de Dudu do Palmeiras. Recebe exatamente o dobro do maior salário na casamata vermelha, o do meio-campista Alan Patrick.
Isso mexe com os ânimos do vestiário do Inter. É mentira dizer o contrário. Foi uma urucubaca no meio da tranquilidade da transição de ano.
Pedro Henrique tem se esforçado com a artilharia do Gauchão, mas não contém o incêndio.
Criou-se uma insatisfação no Beira-Rio, que não existia, por contratações de relevância. Os apagões em partidas tranquilas e seguras, levando dois gols em dois minutos, revelam a irregularidade emocional.
Exigem-se reforços de peso para sufocar um pouco o "Dale, dale, Tricolor" nas bandas do Humaitá.
Afinal, Luisito vem lotando estádios no Gauchão (imagine no Brasileiro), vendendo suas camisetas 9 como água em engarrafamento de trânsito e aumentando o número de sócios em período atípico de verão.
Temos um superastro ex-Barcelona entre nós, acessível e disputado pela opinião pública estrangeira
É um milagre da multiplicação de torcedores, de receita e de euforia. O Grêmio está com 100% de aproveitamento no campeonato gaúcho. Trata-se de um invicto confiante diante do Inter, que, por sua vez, é um invicto inseguro, com quatro empates e somente três vitórias.
Parece que Bitello, Pepê e Ferreirinha inventaram de jogar o dobro para chamar atenção e agradar ao seu parceiro famoso.
A situação lembra o cabo de força por celebridades estrangeiras em 1971.
Grêmio contratou o uruguaio Ancheta, beque da Celeste de 1970, desembolsando cerca de US$ 100 mil, uma fortuna na época, além de repassar Chamaco ao Nacional, de Montevidéu. Inter revidou trazendo o chileno Figueroa, que seria considerado o melhor zagueiro do mundo em 1974. Ancheta fez sua estreia em novembro, Figueroa, em dezembro.
Por seis longos anos, houve a especulação de quem seria o mais completo defensor no Rio Grande do Sul, já que ambos se mostravam artilheiros, cabeceavam com maestria e desarmavam com elegância.
O Gre-Nal já começou quente muito antes do dia 5 de março. Será que haverá resposta dos dirigentes colorados ainda no primeiro tempo mental da temporada ou vão pagar para ver na Arena?