O fenômeno da integração em curso nas nossas Redações, que altera a forma como fazemos jornalismo e como nos relacionamos com o público, começa a repercutir nas premiações jornalísticas.
Aconteceu na terça-feira, aqui mesmo no Grupo RBS, durante a celebração dos melhores do ano. A maioria dos trabalhos agraciados com o Prêmio RBS de Jornalismo e Entretenimento era de jornalistas de mais de uma Redação atuando em parceria e contava com profissionais multidisciplinares de áreas como TI e marketing. Todos os contemplados, sem exceção, haviam produzido conteúdo que mexeu com a vida de pessoas, transformou realidades e emocionou leitores, ouvintes, telespectadores. Embora seja um evento interno, tomo a liberdade de escrever sobre três dos 17 laureados.
Chamo a atenção primeiro para a reportagem vencedora na categoria Jornalismo Investigativo: Seguro furado – golpe usado para lesar aposentados. A pauta surgiu na RBS TV, com Jonas Campos, que convidou o repórter de ZH Carlos Rollsing para reforçar a apuração. Ambos fazem parte do GDI. A reportagem teve os fundamentos daquilo que qualificamos como jornalismo moderno: integração, alta relevância e impacto social.
Após a publicação em ZH e GaúchaZH e a veiculação na RBS TV, a seguradora reconheceu que aposentados tinham sido vítimas de fraudes e anunciou um acordo para que fossem devolvidas integralmente as mensalidades descontadas indevidamente de idosos. O INSS suspendeu por 60 dias um convênio que permitia a inclusão digital no contracheque dos descontos não autorizados. O instituto também rompeu com outras três entidades que tinham práticas semelhantes. Juntas, essas quatro associações recebiam cerca de R$ 57 milhões ao mês, dinheiro que era descontado ilegalmente dos contracheques dos aposentados de todo o Brasil a título de seguros associativos.
Outro exemplo reconhecido internamente é um trabalho do Diário Gaúcho, jornal popular do Grupo RBS, vencedor na categoria A Gente Vive Junto. Os repórteres Alberi Neto e Jéssica Britto e as editoras Lis Aline Silveira e Elana Mazon revelaram, após uma série de reportagens, que ônibus da Carris circulam acima do tempo de vida útil permitido por lei. A série DG no Busão acelerou o processo de compra de 87 veículos novos pela empresa, o que beneficia a vida de milhares de pessoas. A compra deve ser concluída em fevereiro. Como mensurar o impacto de uma notícia que altera tão objetiva e profundamente uma realidade?
O prêmio valorizou também um programa de entretenimento, comandado pela jornalista Cris Silva, que, no fundo, ensina muito ao jornalismo. Trata-se do Posso Entrar, criado pela Cris quando estava em licença-maternidade do filho Matheus.
– Eu tinha bastante tempo para pensar em projetos – brincou Cris ao receber o Grande Prêmio Jayme Sirotsky.
Ao retornar da licença, Cris procurou colegas das áreas de marketing e produto, conversou com jornalistas, e criou um programa que tem uma fórmula tão simples como sofisticada: conta a história de pessoas comuns, homens e mulheres do povo, que abrem as suas casas para a querida Cris Silva. Após a celebração dos melhores de 2019, estamos projetando 2020 com ainda mais integração e proximidade com o público.