Candidatos têm o hábito de descontextualizar informações. Citam estatísticas que não existem, criam fatos, superestimam realizações. O descompromisso com a verdade começa nas eleições e, se não for identificado pelo eleitor, resulta em quatro anos de governo inconfiável.
O fenômeno é comum no Brasil, mas não apenas aqui. Políticos vivem às turras com a verdade mesmo em democracias maduras. Nos EUA, por exemplo, assessores do presidente Donald Trump criaram a definição de "fatos alternativos" para justificar informações duvidosas emitidas pela Casa Branca.
Mas o jornalismo profissional e de qualidade pode ajudar o eleitor a separar o joio do trigo. É por isso que Zero Hora integra uma aliança nacional para combater a desinformação na internet durante as eleições de 2018. O Comprova, nome do projeto colaborativo, reúne jornalistas de 24 empresas de mídia no país. É um antídoto poderoso à mentira.
Idealizado pelo First Draft, projeto da Escola de Governo John F. Kennedy, na Universidade Harvard, nos EUA, o Comprova foi inspirado em outras iniciativas de checagem cruzada, como o CrossCheck, realizado na França, em maio de 2017, e as parcerias com agências de verificação de fatos adotadas nas eleições do Reino Unido e da Alemanha. As redações trabalharão juntas para verificar informações e, depois, criarão textos, cards, infografias e vídeos curtos para distribuir os desmentidos.
Cada jornalista continuará dentro da sua redação original, mas com foco no projeto.
Um critério importante, que vai nortear o nosso trabalho, é que nenhum desmentido será publicado antes de ao menos três veículos estarem de acordo sobre a falsidade e a checagem da informação.
O objetivo é identificar e explicar rumores, conteúdo forjado e táticas de manipulação que possam influenciar na campanha.
Os integrantes do Comprova vão monitorar e, então, publicar relatos precisos sobre peças de desinformação compartilhadas em redes sociais, sites fraudulentos e aplicativos de mensagens privadas. A coalizão inclui, além de GaúchaZH, outras 23 empresas. O rigor do processo tem uma explicação bem simples: somos obcecados pela verdade.
– É importante deixar claro que as notícias falsas que circulam nas redes sociais e em grupos de WhatsApp não são responsabilidade dos veículos de jornalismo profissional, e sim de quem as produz de maneira maliciosa e das plataformas de distribuição, que vêm tentando mas ainda não conseguiram atacar o problema de maneira efetiva. O nosso desafio é combater essa gigantesca onda de desinformação com conteúdo de qualidade e responsabilidade. Participar dessa ação coordenada com redações de todo o país faz parte do nosso compromisso com o jornalismo e com a qualificação da informação – diz Sabrina Passos, gerente de Produto Digital GaúchaZH.
Além de participar do Comprova, mobilizaremos o Grupo de Investigação (GDI) no projeto É Isso Mesmo?. Nossos repórteres vão checar promessas anunciadas em debates. Candidatos não terão trégua. Porque o eleitor precisa saber a verdade.