O que Renan Dal Zotto, Lucão, Fernanda Garay, Carol Albuquerque, Gustavo Endres, André Heller, Paulão, Jorge Edson, Janelson, Éder Carbonera, Murilo Endres, Marcus Vinícius Freire e Thiago Alves tem em comum?
A lista acima tem 13 medalhistas olímpicos no vôlei que nasceram no Rio Grande do Sul. Mas eles pouco ou quase nada puderam jogar no Estado, afinal, o vôlei gaúcho segue uma sina de formador e exportador de talentos para os demais estados do Brasil.
Aqui, quero lembrar minha adolescência e, mais precisamente, o distante ano de 1984, quando Renan e Marcus Vinícius formaram o time do Sulbrasileiro, banco gaúcho que resolveu seguir a linha da Atlântica Boavista, do Rio de Janeiro, que pertencia ao grupo Bradesco Seguros. Nesse período, fui ao Ginásio da Brigada Militar, que também foi perdido por Porto Alegre e que foi sede da Universíade de 1963, para ver essa equipe jogar. Era o auge do vôlei no Brasil. Aqui, o banco quebrou no ano seguinte, e o projeto naufragou junto.
Pois bem, o vôlei cresceu. No Rio Grande do Sul, após um longo período sem equipes em nível competitivo no cenário nacional, surgiu a Frangosul, de Montenegro, posteriormente parceira da Ginástica de Novo Hamburgo, campeã brasileira, e a Ulbra, de Canoas, orgulhosamente tricampeã da Superliga. Mas parou aqui.
Outros clubes ainda tentaram se manter, mas esbarraram em questões econômicas, e gerações de jogadores criados nas quadras do Rio Grande do Sul foram brilhar em outros estados, após se destacarem em competições nacionais de base. A maioria deixa os pagos por volta dos 16 anos ou opta por tornar a modalidade uma recreação de final de semana.
Este 2024 marcou a volta do vôlei gaúcho ao cenário nacional, com a participação da Sogipa na Superliga C. A notícia foi saudada e envolve inclusive Renan Dal Zotto, como padrinho da equipe do clube que o revelou. Mas é necessário mais para o sucesso do projeto, além da figura de um dos melhores jogadores da história, vice-campeão olímpico em 1984 e treinador da seleção brasileira entre 2016 e 2024.
Renan pode ser uma imagem a ser explorada. Mas para que isso ocorra, parceiros devem surgir. Pois só com investimento é possível manter uma equipe. Os meninos da Sogipa venceram a Superliga C em Chapecó e agora o clube corre contra o tempo para conseguir verba para confirmar a presença na disputa da Superliga B. O torneio, que começa em dezembro, será disputado por outras 13 equipes e vai dar duas vagas na divisão principal da Superliga na temporada seguinte.
— O nosso Estado é somente exportador. Temos base forte e a partir do infanto e do juvenil, eles vão para outros estados ou até param de jogar. A nossa ideia a partir dessa retomada é dar uma opção para eles ficarem aqui — disse Edu Guedes, técnico da Sogipa, ao programa Gaúcha Olímpica, da Rádio Gaúcha.
A Sogipa já recebeu a carta convite da CBV e tem até o dia 30 deste mês para confirmar participação. Para isso, é necessário que patrocinadores se apresentem e auxiliem o clube. O torneio terá televisionamento. Ou seja, haverá exposição de marca. O valor necessário de R$ 1 milhão para que o clube posse garantir sua participação.
Patrocinar um clube centenário como a Sogipa, associar sua marca a um esporte vencedor como o vôlei, em um estado tradicional como o Rio Grande do Sul, e ainda estar ligado a Renan Dal Zotto é um projeto que precisa ser olhado com carinho.
Valorizar esporte não é tirar foto com atleta ou lembrar deles apenas em anos olímpicos. É investir. Ou passaremos os próximos anos aplaudindo a distância os vencedores e lembrando que alguns deles estavam aqui, do nosso lado.
Por isso, fica o recado para o empresariado gaúcho: "Entre em quadra com a Sogipa".