Paris começa a respirar os últimos dias de Jogos Olímpicos, e uma certa nostalgia vai tomando conta de todos. Muitos deixarão a capital francesa com o sentimento do dever cumprido por terem alcançado uma medalha ou por terem feito o seu melhor. Independentemente do pódio, todos são vencedores.
E o que dizer daqueles que estão se despedindo. Muitos atletas vieram para sua última Olimpíada, assim como treinadores, dirigentes e até mesmo jornalistas. Para os estreantes, a aventura olímpica prosseguirá nos próximos quatro anos e terá em Los Angeles-2028 o seu ápice. Mas até mesmo Brisbane-2032 já é assunto. Um ciclo olímpico passa muito rápido.
Uma Olimpíada une os mais diversos e deliciosos sentimentos que podemos experimentar. Em 19 dias, sorrisos, lágrimas, orgulho e decepção se misturam e ajudam a criar novas páginas na história do esporte. Aqui, tivemos a primeira medalha dos refugiados.
Apesar de um certo ar de indiferença, como lhe é peculiar, o povo francês recebeu os Jogos pela terceira vez e aceitou a competição e seus milhões de visitantes, assim como fazem diariamente em uma das mais belas paisagens para o turismo.
A despedida de Ana Marcela
Campeã olímpica em Tóquio e dona de 16 medalhas em campeonatos mundiais, Ana Marcela Cunha não conseguiu o bicampeonato nos 10km das águas abertas, prova vencida pela holandesa Sharon van Rouwendaaal, que agora tem dois títulos na prova. Mas o quarto lugar não foi um resultado ruim, em virtude de um período conturbado que a nadadora baiana viveu, o que incluiu troca de treinador, resultados abaixo de seu potencial e até mesmo o desejo de abandonar o esporte, como ela mesmo revelou na entrevista após a prova em Paris.
Se Ana Marcela não seguir mais nas principais competições, sua substituta já está definida. A gaúcha Viviane Jungblut, que terminou em 11º lugar e fez uma prova regular, tendo nadando entre as 10 primeiras e só perdendo posição nas duas últimas voltas das seis que compuseram o circuito no Rio Sena.
Em Paris, Vivi contou com o apoio da família e se emocionou ao falar deles e também da situação vivida por muitos gaúchos e gaúchas em maio, quando ela e tantos outros integrantes da comunidade esportiva uniram esforços para participar de resgates e auxiliar como voluntários nos abrigos de milhares de famílias atingidas pela enchente.
Sena aprovado
E por falar em Rio Sena, ele parece ter sido aprovado. Tanto Ana Marcela quanto Viviane não reclamaram da aparente sujeira. Segundo a dupla, havia boas condições para competir, apesar da preocupação que passou a existir com o adiamento do triatlo e de problemas que surgiram com alguns atletas que competiram no local.
Como se refrescar em Paris
Algumas arenas apresentam um ponto de "resfriamento" para o público. Em dias muito quentes, quando a sensação chega na casa de 40 graus, uma brisa ou spray d'água são muito bem vindos. No vôlei de praia, um jato pode chegar na arquibancada quando a quadra é molhada. Nas demais arenas, as "borrifadas" acabam fazendo a alegria de milhares.
Pickpockets
Um alerta em francês e inglês sempre é ouvido no metrô de Paris: "Os batedores de carteira podem estar presentes na estação ou a bordo dos trens. Feche bem suas mochilas e bolsas e fique atento ao usar o smartphone". O objetivo é prevenir turistas e visitantes olímpicos sobre a presença dos chamados pickpockets, grupos formados, em sua maioria, por adolescentes que praticam furtos.
Nesta quinta-feira, quando me dirigia para a Arena da Torre Eiffel, onde ocorre o vôlei de praia, me deparei com essa situação. Ao entrar no metrô, me posicionei próximo a uma porta e logo que o trem parou na estação seguinte, um grupo de seis jovens, três homens e três mulheres, ingressou no vagão. Atento, observei seus movimentos e percebi que se aproximaram de um fotógrafo japonês que estava à minha frente, com sua credencial, máquina e mochila às costas.
Enquanto três deles puxavam conversa, os demais se aproximaram e dois tentavam encobrir uma moça que começou levemente a abrir a mochila do colega que até então não conhecia. No trem, ninguém se manifestou e quando dei dois passos à frente, toquei o braço do japonês e o avisei que estava quase sendo roubado. Os adolescentes se afastaram e trocaram de vagão, assim que aconteceu nova parada. Pelo que observei, não conseguiram furtar ninguém e desceram assim que viram a presença da polícia na estação seguinte. Portanto, se você vier a Paris, lembre-se que os pickpockets não são uma lenda urbana. São sim ladrões que tentam a sorte. Nesta quinta, tiveram azar, ao menos naquele momento.