Ela é apontada como uma das grandes apostas do esporte brasileiro. Aos 17 anos, a gaúcha Victoria Strassburger ainda tem uma longa caminhada pela frente. Líder do ranking absoluto nacional de tênis de mesa, a atleta da Sogipa é apaixonada pelo que faz. Com muita disposição, como é característico da idade, ela se sente à vontade quando está em ação e não é impossível que a vejamos com as cores da seleção brasileira da modalidade nos Jogos de Paris-2024, mesmo que o objetivo inicial seja o de estar em Los Angeles-2028.
Porém, por se tratar de um prodígio, Victoria tem superado etapas e barreiras, o que a já a coloca como integrante da seleção principal do Brasil que disputará, no próximo mês, em Lima, no Peru, o Campeonato Sul-Americano.
E foi essa menina cheia de planos e sonhos que nos recebeu ao lado do técnico Jorge Fanck, que a acompanha desde o início da carreira, antes de mais um treinamento na Sogipa. O treinador, aliás, também comemora uma nova fase em sua trajetória, após ser nomeado para comandar a seleção nacional.
Como a Victoria Strassburger descobriu o tênis de mesa ?Eu comecei na escola, brincando como a maioria das pessoas começam no esporte. Eu sempre ficava na dúvida, nos intervalos das aulas, se eu ia jogar "pingue-pongue" ou se ia jogar futebol com os meninos. Eu sempre fui muito apaixonada por esportes e isso me motivou demais, porque eu tinha facilidade de aprender. Foi quando a minha mãe descobriu um projeto da prefeitura (de Ivoti), que levava os alunos para ter uma hora de aula semanal com o (Jorge) Fanck. E foi assim que eu comecei, brincando com a gurizada. E logo o Fanck viu que eu levava jeito, que eu estava me divertindo e, então, ele me convidou pra começar a treinar sério. Eu passei a treinar na Colônia Japonesa (em Ivoti), das 19h às 22h, mas eu sempre ficava um pouco mais. O meu pai me levava pra treinar. Era perto de casa, uns 15 minutos de onde eu morava. Nas primeiras semanas, eu comecei a participar de campeonatos, fui me divertindo cada vez mais. No ano seguinte, já estava em competições nacionais, fui evoluindo e aí passei a procurar outros centros de treinamentos e agora estou aqui , na Sogipa, treinando todos os dias, trabalhando cada vez mais, tenho uma equipe multidisciplinar.
A brincadeira rapidamente virou profissão então?
Sim. É uma paixão. Eu adoro tudo que faço.
A rápida evolução, crescimento, liderança dos rankings nacionais...
Eu nem sei direito como falar sobre isso, porque evoluir sempre foi o que me motivou. E desde o início, eu não tinha um objetivo muito alto. Sempre foi ir evoluindo, passo a passo, mas conforme vai passando, eu vou estabelecendo novas metas.
São raros os atletas que não são asiáticos entre os melhores. O Brasil tem o Hugo (Calderano) e a Bruna (Takahashi) entre os melhores do ranking. Quem te serve como inspiração ?
Tem atletas que eu gosto de assistir jogos, mas não tem alguém em quem eu me inspire. Eu tento tirar (aprender) um pouco de cada um, ver o que eu gosto, o que me chama atenção (no jogo deles) e o que eu posso usar no meu jogo. O estilo europeu me chama mais atenção, porque eles tem mais feeling, usam bolas de habilidade, e eu gosto bastante disso.
De Ivoti para Porto Alegre. De Porto Alegre para competições nacionais e internacionais com a seleção brasileira. Você disse que no começo não tinha um grande objetivo. Mas e agora você já traçou uma meta ?
Sim. Eu quero participar das Olimpíadas e conquistar medalhas em nível internacional, quero ainda mais e chegar entre as melhores do mundo.
E a Olimpíada será próxima (Paris-2024) ou Los Angeles-2028?
A meta estipulada era 2028. Mas como estou evoluindo e ganhando de várias atletas fortes, 2024 já se tornou realidade. Tudo é possível e, pra isso, basta continuar trabalhando, me dedicando para que talvez eu até tenha chance de participar em 2024.
E o que você acha que tem de evoluir para atingir esses objetivos ?
Eu preciso ter mais contato com o tênis de mesa de nível mais alto. Então, tenho que buscar mais intercâmbios, não só fora do Rio Grande do Sul, mas internacionalmente. Com certeza, isso vai me fazer evoluir muito. Preciso jogar mais, me ambientar com esse nível (de jogo).
Nessa semana, você foi convocada para o Sul-Americano adulto que será no Peru, em junho.
Eu vou participar com a seleção adulta, vai ser uma experiência muito boa. Minha segunda vez com a seleção principal e vou dar meu máximo.
Esse é um ano de Jogos Pan-Americanos em Santiago. Também está na sua lista participar?
Eu ainda nem pensei nisso, mas é seguir trabalhando, me esforçando. Se conseguir bons resultados, tudo é possível.
Você acha que precisará sair do Rio Grande do Sul, do Brasil, para evoluir ainda mais? Ou seguir treinando com o Jorge Fanck, teu técnico na Sogipa, e que agora também é da seleção brasileira será mais importante ?
Com ele na seleção principal, vamos ir mais para São Paulo fazer mais training camp e isso, com certeza, vai me auxiliar muito.
Vamos para o futuro. Você está em Paris-2024. Objetivo atingido ?
Não. Com certeza eu vou querer melhorar meus resultados e ir melhor que nos anos anteriores.