Vitória. Força. Fé. Raça. Determinação. Resiliência. Disciplina. Conquista. Disputa. Todas essas palavras combinam com esporte e fazem parte da rotina de todas as modalidades. E o que elas também tem comum? Todas são substantivos femininos. Sim, no Dia Internacional da Mulher nada melhor do que lembrar e homenagear as esportistas que fizeram e fazem parte da história do nosso esporte, que como vemos tem muito delas.
Por anos discriminadas e vistas como enfeite no mundo esportivo, que segue sendo essencialmente machista, mas que aos poucos vem evoluindo não é possível esquecer de Maria Lenk, a primeira brasileira a disputar os Jogos Olímpicos em 1936, na Alemanha nazista, de Aida dos Santos, única mulher na delegação do Brasil em 1964 e que competiu em Tóquio sem ter treinador e uniforme adequado e mesmo assim se tornou a primeira atleta do país em uma final olímpica, com um fabuloso quarto lugar no salto em altura.
E tivemos e temos tantas outras mulheres admiráveis no nosso esporte. Maria Esther Bueno, a eterna rainha do tênis mundial; Jackie Silva e Sandra Pires, as primeiras medalhistas de ouro; Isabel, que ao lado de Jackie levantou muitas bandeiras no vôlei e se tornou referência; Marta, a rainha do futebol, assim como Sissi, Duda Luizelli, Roseli, Formiga e Pretinha, que nos tornaram potência mundial.
Mas não posso esquecer de Hortência, a rainha do basquete, e Paula, que por tudo que representava passou a ser Magic, como o Johnson da NBA. E tem Fabi, Sheilla, Thaisa, Fê Garay, Carol Gattaz, Fabiana Claudino no vôlei, cada qual com uma representatividade muito importante. Aliás esse é outro substantivo feminino importante na vida de todos nós.
E a Maurren Maggi? Que ao ganhar o ouro não deixou de ser mãe e se emocionou ainda mais ao falar com a filha Sofia. E a gaúcha Fernanda Oliveira, que lembra que foi mãe em intervalos de ciclos olímpicos, e que é medalhista na vela e recordista em participações nos Jogos, com seis presenças. No mar temos as bicampeãs Martine Grael e Kahena Kunze, treinadas pela gaúcha Martha Rocha. E se cairmos na água onde a história começou com Maria Lenk temos Ana Marcela Cunha, a dona das águas abertas, nas piscinas tivemos Patrícia Amorim, sim aquela que anos depois seria presidente do Flamengo, Joanna Maranhão, por muitos anos a referência da modalidade.
Mas as mulheres também são boas de luta. Afinal são guerreiras, como Ketleyn Quadros, dona da primeira medalha olímpica do judô feminino brasileiro em Pequim-2008, Rafaela Silva, campeã olímpica e mundial e que superou e derruba diversos preconceitos, e a gaúcha Mayra Aguiar, tricampeã mundial e dona de três pódios em Olimpíadas. Sem falar em Bia Ferreira e Adriana Araújo, que já subiram no pódio olímpico do boxe.
Falando em inspiração, superação e representatividade, temos Daiane dos Santos, a primeira ginasta brasileira e negra a se sagrar campeã do mundo. E a Rebeca Andrade que tem a gaúcha como espelho e hoje é o grande nome da ginástica levando o Baile de Favela para os quatro cantos do mundo.
Se for para citar ainda teria outras dezenas, centenas de grandes atletas brasileiras para listar em tantas outras modalidades, como Rayssa Leal, a pequena Fadinha do skate, e a gaúcha Tatiana Weston-Webb, do surfe. Mas é preciso lembrar que se hoje elas tomam cada vez mais espaço, na primeira Olimpíada, em 1896, em Atenas, as mulheres foram apenas espectadoras e que isso gerou um protesto da grega Stamati Revithi, que no dia seguinte à disputa da maratona realizou o mesmo percurso por fora do estádio Olímpico.
As mulheres entraram no esporte olímpico quatro anos mais tarde, em modalidades que eram consideradas belas, o tênis e o golfe, que também não tinham contato físico. Mas ao contrário dos homens, elas não ganharam medalhas, apenas um ramo de oliveira, como a tenista britânica Charlotte Cooper, "a primeira campeã olímpica".
Em Paris, as mulheres devem dividir o espaço com os homens, o que é algo a ser aplaudido. E elas chegaram lá através de força, fé, raça.