Após o título de duplas mistas do Aberto da Austrália, Rafael Matos e Luisa Stefani gravaram vídeos falando sobre a importância da conquista. Já no hotel, eles tiveram como cinegrafistas os integrantes da comissão técnica que os acompanha no giro pela Oceania, iniciado ainda em dezembro de 2022, na United Cup.
Descontraídos, o gaúcho de 27 anos, comemorados no último dia 6, e a paulista de 25 ainda tentavam encontrar palavras para descrever o feito atingido horas antes.
Em determinado momento, Luisa soltou um "bah", expressão gaúcha para descrever o tamanho de seu nervosismo antes da decisão, o que arrancou gargalhadas de Rafael.
— Bah, muito — disse ela, rindo e interrompida por Matos:
— Esse bah foi muito bom, mas eu não vou segurar — sorriu o porto-alegrense.
Significado do título
Luisa: Muito emocionada e orgulhosa da gente nessas duas semanas, principalmente por fazer uma dupla totalmente brasileira. Não dava para ser melhor, nosso primeiro título de Grand Slam juntos e representando o Brasil. Foram duas semanas dos sonhos.
Rafael: É difícil descrever os sentimentos. Não sei se caiu totalmente a ficha, mas desfrutar desse momento do lado de uma brasileira é muito especial. Não é sempre que a gente pode ter esse privilégio. Foi muito legal, recebemos muitas mensagens, muito suporte vindo do Brasil e foi bem especial pra nós.
O segredo da parceria campeã
Rafael: A união nos momentos difíceis. Nas quartas eu estava mal e a Luisa me puxou. Na semi, ela estava um pouco mais abaixo e eu puxei ela. Essa união, essa parceria de ajudar um ao outro foi bem importante, principalmente nos games importantes dos jogos.
Luisa: Ficamos calmos e tivemos uma energia muito boa, independentemente do placar em todos os jogos. Em Grand Slam, jogando em alto nível, tem muito disso, a maneira como a gente conseguiu lidar com as emoções e as variações do jogo, tirando a confiança de um no outro ao longo dos jogos. Ainda mais saindo de buracos, salvando match point na semifinal. Essa confiança, levantando, usando nosso time lá de fora (treinadores, fisioterapeutas), foi muito importante.
Tensão na final
Luisa: Muito nervosa, estava com frio na barriga. Aquecemos super bem, o que serviu para dar uma calmada. Achei que o Rafa começou muito bem e eu estava bem nervosa. Saímos no break, mas a gente perdeu meu saque e isso serviu pra eles crescerem no começo do 1º set, mas eles sentiram a pressão pra fechar e voltamos bem. Nos impusemos no final do 1º set e levamos a energia ao segundo também. E ganhar o 1º set saindo de 5-3 foi importantíssimo pela confiança e fundamental para fechar em dois (sets), mesmo com todo nervosismo.
Rafael: O início não foi bom e, por mérito deles e um ou outro ponto que não conseguimos fazer, eles jogaram bem e abriram vantagem. Mas foi bom conseguirmos voltar no break, melhorar taticamente e comandar mais o jogo, da maneira como queríamos.
Significado do título após lesão e um ano fora das quadras
Luisa: Passou um filme na cabeça de tudo que eu passei até aqui, principalmente nesses 15, 24 meses, foi muito intenso. É difícil descrever logo que acaba um Grand Slam. Sonho desde criança, desde que comecei a jogar tênis: virou paixão e meta de vida. Não tem uma maneira de descrever a sensação e a importância disso pra mim. Ainda estou um pouco em choque, já caiu a ficha do que a gente fez, mas não o sentimento do que tudo isso representa para mim, por esses últimos tempos passados, todas as dificuldades da lesão, de um Grand Slam, está valendo a pena agora porque é um momento muito especial.
Título em Grand Slam e a esperança medalha nas Olimpíadas de Paris
Rafael: Seria boa essa classificação.
Luisa: Sem dúvidas, é a meta. Mas ainda tem muito chão. Temos uns seis Grand Slams pela frente, ainda tem bastante coisa. Mas essa parceria continuando é muito massa.