O torneio de Roland Garros terá suas finais neste final de semana. O Brasil não conseguiu chegar às rodadas decisivas mas mesmo assim teve alguns resultados para comemorar. Talvez, o principal deles tenha sido de um tenista nascido em Porto Alegre e que aos 26 anos chega ao principal momento da carreira.
Canhoto, com 1,83m de altura, Rafael Matos vive um momento muito especial no circuito. A jovem promessa, que em 2014 foi vice-campeão júnior de duplas do US Open, ao lado do mineiro João Menezes, hoje é uma realidade. Em Paris, com o espanhol David Vega Hernández deixou três parcerias mais experientes e apontadas como favoritas pelo caminho e chegou às quartas de final, quando acabaram derrotados pelo salvadorenho Marcelo Arévalo e o holandês Jean-Julien Rojer, que disputarão a final neste sábado.
A dupla com Vega Hernández é recente, mas o resultados são excelentes. Juntos, eles atuaram 25 vezes e venceram 19 partidas, conquistando os títulos do ATP 250 de Marrakech (Marrocos) e do Challenger de Bordeaux (França), além de disputarem as finais do ATP 250 de Munique (Alemanha) e do Challenger de Madrid (Espanha) e atingirem as quartas de final do ATP 250 de Lyon e do Challenger de Aix-en-Provence, ambos na França.
De Paris, antes de regressar ao Brasil para um breve descanso e comemorar o ingresso no Top 50 do ranking mundial de duplas da ATP, Rafael Matos conversou com a coluna.
Como você avalia essa temporada de saibro ao lado do David Vega Hernández?
Foi uma grande temporada nossa de saibro. Primeira vez que nós jogamos juntos foi no final de março e início de abril (Challenger de Marbella, na Espanha). Fizemos umas nove, dez semanas juntos e acabamos nos dando bem dentro e fora da quadra. E a conexão é muito importante na dupla , porque faz um acreditar no outro , apoiar quando o jogo não está tão bom às vezes.
E o entrosamento foi rápido...
Nós temos um estilo de jogo parecido, os dois jogam de fundo (de quadra), o que é um pouco atípico, porque na dupla se busca mais a rede, mas nós gostamos de jogar bem no fundo e encaixou bem esse estilo de jogo nosso.
E o futuro, depois do sucesso da parceira em Roland Garros?
A partir de agora é pegar essa confiança e esse bom ritmo que a gente está, dessa sequência que fizemos com bons resultados. Agora vamos dar uma parada de duas semanas pra dar uma caprichada no físico e descansar um pouco a cabeça também, porque foi uma gira longa, de bastante jogos. Depois voltamos com tudo na (temporada) de grama, no ATP 250 de Mallorca, semana anterior a Wimbledon e depois a gente segue para três ATPs 250 no saibro na Europa, Agora é seguir nesse mesmo trabalho que a gente vem fazendo no dia a dia, com as nossas rotinas e manter o que vem dando certo.
Mas antes de chegar ao auge todo mundo tem um começo e como foi o seu?
Eu comecei a jogar com seis anos. Minha principal base foi dos 11 aos 19, quando eu treinei no IGT (Instituto Gaúcho de Tênis), que tinha como treinadores na época o (Luiz) Peniza, o (Eduardo) Frick, o Fernado Roese e o Marcos Hocevar e o preparador físico Miguel Cantori. Depois disso eu treinei dois anos em Itajaí, onde eu estou hoje, dos 19 aos 21, e acabei voltando pra casa e treinei com o Rodrigo Ferreiro, irmão do Franco que é meu treinador atual. Com eles eu fui pro Farrapos e acabei treinando mais com o Franco até chegar a pandemia e ter a paralisação dos torneios e a partir daí me foquei mais nas duplas.
Fala do trabalho do Franco Ferreiro e o que a mudança para Itajaí influenciou no teu crescimento...
O Franco tem mais experiência nas duplas, onde ele foi 40 do mundo (na verdade segundo a ATP 53) e entende muito de tênis em geral, mais especificamente na dupla ele tem uma visão diferenciada e no início desse ano, nós dois fomos para a ADK Tennis, no Itamirim Clube de Campo, em Itajaí, que agregou bastante pra nós. A estrutura no clube tem bastante quadras, academia, bastante gente pra treinar e então isso foi um plus que a gente conseguir dar nesse trabalho que a gente vinha fazendo junto com o Franco há três anos.