A notícia de que o Comitê Organizador da 24ª Surdolimpíada marcou para a próxima sexta-feira (3) uma entrevista coletiva para esclarecer a falta de pagamento e/ou atrasos com fornecedores e prestadores de serviço que atuaram durante o evento realizado em Caxias do Sul não é exatamente o que esporte espera.
Um evento de grande porte, que trouxe para Caxias do Sul mais de 4 mil participantes de 77 países, e que, em tese, deveria servir para dar visibilidade à cidade e também aos surdoatletas não pode se encerrar com questões como essa. Fatos como esse tiram a credibilidade do evento, de quem o organizou e do próprio esporte que fica com a pecha de "mau pagador".
As explicações dadas até o momento são pouco convincentes. Recentemente, durante o Troféu Brasil de Ginástica Artística realizado na Sogipa, conversei com algumas pessoas que acompanharam a edição brasileira Surdolimpíada e esse era o tema principal. E não o que fizeram os participantes, com maravilhosas histórias de vida e superação. Como diz o velho ditado, "notícia ruim chega depressa".
Os Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Olímpicos de 2016, ambos realizados no Rio de Janeiro, já deixaram algumas manchas no currículo de eventos organizados no Brasil, assim como a Copa do Mundo e suas obras até hoje não terminadas.
Fazer esporte e organizá-los exige não só dedicação e comprometimento de atletas, treinadores, familiares, imprensa, patrocinadores. Mas, acima de tudo, exige que tudo seja cumprido corretamente. Em uma sociedade onde o esporte é uma das poucas alternativas para muitos, questões como essas deixam uma série de derrotados pelo caminho, sendo a credibilidade a mais atingida de todas. Que além de explicações, venham os pagamentos para aqueles que trabalharam com a expectativa de que um evento internacional de grande porte não os deixaria de mãos abanando.