O final de semana foi marcado por mais uma conquista de Rafael Nadal, que provou ser quase imbatível jogando no saibro de Roland Garros. Ao erguer seu 14º troféu no saibro de Paris, o 22º em um torneio de Grand Sam, o espanhol de 36 anos deu mostras de que além de ser um competidor de alto nível também tem amor ao esporte.
Em uma carreira iniciada em 2001, são 92 títulos de simples em 130 finais disputadas, 1.058 vitórias e apenas 212 derrotas. Campeão olímpico em Pequim-2008 e de duplas na Rio-2016, o canhoto nascido em Manacor, na ilha de Mallorca, divide holofotes com Roger Federer e Novak Djokovic, com os quais forma o chamado "Big 3".
Mas como não ressaltar os feitos de Nadal, sua garra e empatia com o público, algo que faz, por exemplo, o sérvio Djokovic ter momentos de irritação durante os duelos entre eles, já que os torcedores visivelmente demonstram um maior carinho pelo espanhol?
Nadal é exemplo de dedicação e superação. Para atuar em Paris precisou conviver com um problema que o atormenta cada vez mais. Ele tem a síndrome de Müller-Weiss, uma doença rara no escafoide do tarso, osso conhecido como Navicular, e que afeta adultos, geralmente entre 40 e 60 anos de idade.
— Consegui competir nesta quinzena porque meu médico me deu injeções para anestesiar meu pé (esquerdo), mas é um risco. Nas condições atuais, não posso e não quero continuar jogando até que uma solução seja encontrada — disse ele após a conquista do título deste domingo.
A doença é de difícil diagnóstico até chegar a uma fase avançada, pois os sintomas aparecem de forma lenta e traiçoeira. Ela é degenerativa e crônica e o tratamento convencional é o mais adequado. Essa síndrome afeta um dos ossos localizados na parte central do pé.
— A condição está sujeita a estresse significativo e, por razões desconhecidas, a vascularização é perdida e se torna necrótica — explica Denis Mainard, presidente da Associação Francesa de Cirurgia do Pé e chefe de Cirurgia Ortopédica do Hospital de Nancy, que acrescenta:
— Praticar esportes de alto nível após uma operação me parece difícil.
Estas declarações de Nadal e do médico deixam a continuidade da carreira do tenista espanhol, que já se encaminha naturalmente para o final, em xeque. Mas claro que ele não irá abandonar o tênis nesse momento.
Só que será cada vez mais raro vê-lo em quadra com seus poderosos golpes de fundo, com seus trejeitos antes de cada saque e suas garrafinhas de água rigorosamente alinhadas próximas ao local onde fica seu material durante os jogos.
Porém, uma coisa é certa em se tratando de Rafael Nadal, que sempre diz que irá jogar e acreditar "até a última bola". Afinal, alguém duvida que mesmo não sendo o jogador com mais qualidade técnica, ele é sem dúvida alguma o maior competidor de todos os tempos?