Depois da enchente de maio, a saúde mental é uma das tantas preocupações do povo gaúcho. Buscando amenizar essa questão, profissionais de várias áreas — coordenados pelas musicoterapeutas gaúchas Natália Magalhães e Graziela Pires, da dupla 50 Tons de Pretas — criaram a iniciativa SOS Enchentes RS — Musicoterapia, em que já foram atendidas 120 pessoas e, até o fim de 2024, seguirá de forma presencial ou online e gratuita. As inscrições podem ser feitas por meio do e-mail associacaodemusicoterapia.rs@gmail.com.
— Assim que entendemos que a situação era muito grave e que afetaria muito a saúde mental, sobretudo das crianças que nós atendemos com transtornos de desenvolvimento, autismo e outros, pensamos: temos que fazer alguma coisa — explica Grazi.
O processo começou em 7 de maio, por meio de ações nas redes sociais, convidando musicoterapeutas de todo o país a se voluntariarem para atendimentos presenciais e online.
— Fomos buscar apoio da Ubam (União Brasileira das Associações de Musicoterapia) e da Amtrs (Associação de Musicoterapia do RS), da qual eu era presidente na época, para abranger o Brasil todo na ação. Para nossa surpresa, em uma semana, encerramos as inscrições de profissionais, pois já tínhamos mais de 80 cadastrados. Os atendimentos começaram imediatamente — destaca Natália.
Até o final de junho, 20 pacientes, de três a 70 anos, se inscreveram para receber atendimentos online. Presencialmente e semanalmente — nos abrigos da Região Metropolitana, como no CTG Recanto Nativo, em Viamão, Colo de Mãe e no Abrigo no Lindóia Tênis Clube, em Porto Alegre —, cerca de cem pessoas já foram atendidas.
As coordenadoras apontam que o projeto deve seguir com os atendimentos até o final do ano.
— Sabemos que os efeitos dessa grande tragédia sobre a saúde mental das pessoas não será imediato. Por isso, nosso time de voluntários seguirá a postos para acolher qualquer pessoa que sinta a necessidade de um espaço de escuta qualificada, orientação psicológica e, principalmente, que acredite que a música possa auxiliá-lo em seu processo de cura — pontua Grazi, que assumiu a presidência da Associação de Musicoterapia do Rio Grande do Sul em junho.