Faz 17 anos que trabalho no mesmo lugar. Bato ponto todo dia na entrada e na saída. O salário brilha na conta a cada dia 5 e ainda tem 13º, participação nos lucros, plano de saúde. Mesmo que a gente sempre tenha uma ou outra inquietação, é um cenário confortável. Mas ao mesmo tempo é um convite à apenas "cumprir tabela", vivendo todos os dias iguais, acomodados, sem buscar novidades, sem viver emoções. Afinal, "dá no mesmo" fazer ou não fazer.
Seguidamente, escuto pessoas contando que estão desmotivadas no trabalho. E aí a responsabilidade pode ser destinada à chefia, aos colegas, às pressões da vida moderna. E tudo isso pode até ser verdadeiro e muito justo, mas, será que, antes de qualquer outra coisa, a motivação não precisaria vir da gente mesmo? Independentemente de qual seja a nossa relação e de como seja a nossa atuação no mercado de trabalho?
Tenho imensa dificuldade de me ver como empreendedora. O termo para mim sempre esteve diretamente ligado ao dono da empresa, a um CNPJ. Até que me deparei com o conceito do "intraempreendedorismo", que consiste em encontrar oportunidades de empreender e inovar dentro da própria empresa. Aproveitar talentos da organização para dar maior apoio ao negócio e desenvolvimento de produtos ou serviços.
Nesse cenário, me sinto empreendedora, sim. A inquietação e o auto desafio acompanham meus dias porque me sinto, também, responsável pela sustentabilidade do negócio que faço parte. Um jeito diferente de ver e viver o conceito.
Essas e outras tantas reflexões fazem parte do dia a dia da Escola de Negócios, que funciona dentro do curso de Administração da PUCRS, nossa parceira do projeto Caminhos - um Novo Mundo, em que eu e o Luciano Périco, estamos percorrendo os "reinos", ou seja, as escolas da Universidade, afim de conhecer e mostrar o que está sendo feito de mais novo na construção do futuro da nossa sociedade. No campo dos negócios, é possível encontrar dentro do Campus portas abertas para o desenvolvimento de empreendedores.
Foi o que vimos acontecer com a Patrícia, moradora da Restinga, em Porto Alegre, e dona da "De Pote Veg", que fabrica salgados e doces veganos. Ela precisava de auxílio para desenvolver o negócio e contou com uma turma formada por professores e estudantes que criaram uma "proposta de valor" para a sua empresa.
Depois de uma longa conversa, acompanhada por mim e pelo Lucianinho, mergulhamos na essência do negócio e definimos, juntos, a razão de ser e os valores da marca. Norteadores que certamente vão ajudar a guiar os novos rumos que a Patrícia pretende dar à "De Pote Veg" e a sua caminhada profissional.
Calcula-se que mais de 10 milhões de mulheres abrirão seu próprio negócio no Brasil nos próximos anos. Ou seja, o futuro da nossa sociedade passa pelo empreendedorismo feminino. Seja de mulheres como a Patrícia, donas de empresas, ou como eu, que empreendo sendo funcionária de uma organização.
Lugares como a Escola de Negócios ajudam a entender como lidar da melhor maneira com as diferentes formas de empreender, que muito mais do que um termo é, antes, uma atitude fundamental para sobreviver ou apenas viver com mais motivação.