O Virtual Stadium é uma sala ultra moderna que fica dentro do International Broadcast Center, o IBC, em Doha. Ele divide espaço com os auditórios que são utilizados para as entrevistas de técnicos e jogadores antes dos jogos, mas é uma sala diferente. Se propõe a ser um estádio virtual para os jornalistas que estão trabalhando por aqui acompanharem as partidas. Carpete no chão, cadeiras de couro, pé direito altíssimo e um mezanino com design arrojado, um ambiente que contrasta com os estádios, obviamente, mas serve como alternativa para quem quer acompanhar os confrontos de uma forma diferente. Viemos a esse espaço para acompanhar um baita time que nunca entrou em campo, mas que vem fazendo história ao longo de muitas Copas.
Journalists on the podium (Jornalistas no pódio, em tradução do inglês) foi o nome que a Associação Internacional de Jornalistas Esportivos e a Fifa deram ao evento que reuniu jornalistas com mais de oito coberturas de Copa do Mundo no currículo. Uma cerimônia para, em meio a toda a tecnologia e modernidade desta Copa, parar por algumas horas e dar valor a um bem muito precioso: a experiência. Eram mais de cem agraciados, entre eles o brasileiro Galvão Bueno, e, ao lado dele, no refinado auditório, o nosso querido Pedro Ernesto Denardin.
Com suas 12 Copas, o Pedro representou muito bem o Grupo RBS na solenidade. Era dos poucos usando uniforme. Optou por deixar a camisa e a gravata de lado, porque é um cara que "veste a camisa". Tem 72 anos e uma vitalidade impressionante. Desconfio que tenha a ver com a eterna vibração por cada nova Copa. Talvez não caiba o clichê de estar vivendo como se fosse a primeira vez. Depois de 12, não tem como ser. Mas a empolgação com cada entrega é única.
No carro, a caminho da premiação, em meio a risadas, ele vinha dizendo, por exemplo, que essa cobertura ficará marcada.
— Muitas vozes diferentes na Rádio, repórteres espalhados por pontos diferentes da cidade, em jogos e com os torcedores — vibrava pelos colegas o senhor de 12 Copas Pedro Ernesto Denardin.
Recebeu uma réplica em miniatura de um troféu da Copa das mãos de Ronaldo. Na conversa rápida que tiveram no palco, contou que disse ao craque que tinha narrado um jogo dele quando tinha 15 anos e participou do Efipan, em Alegrete. Coisas de quem tem muita experiência.
Eu não saberia e nem conseguir começar a somar todos os anos de Copa que estavam diante dos meus olhos naquele palco, em Doha. Só um jornalista, o argentino Enrique Macya Marquéz, foi premiado por estar completando 17 coberturas de mundiais. São 68 anos de trabalho em Copas. O presidente da Fifa, Giani Infantino, disse sentir inveja de toda essa vivência dos jornalistas mais cascudos das Copas. Eu incluo a gratidão por poder estar trabalhando ao lado de tantas feras como o nosso Pedrão.