Doha é uma cidade em construção. Constantemente. Tapumes escondem obras, sempre em andamento, por todos os cantos. O Lusail, estádio onde a Seleção Brasileira fará sua estreia na Copa do Catar, na próxima quinta-feira (24), tem a poucos metros um conjunto de prédios residenciais.
Estávamos gravando para a RBS TV na região quando uma família se aproximou. Pai, mãe, duas crianças em carrinhos, todos vestindo camisas de clubes de futebol. Ele, italiano, fisioterapeuta, veio trabalhar em Doha há três anos. Ela, argentina, está acompanhando o marido e cuidando das crianças. Enxergam a mais imponente estrutura desse mundial, palco da grande final, da janela de casa.
Contaram que a Copa mudou radicalmente a vida deles. Foram proibidos algumas vezes de entrar em casa em função das barreiras de segurança impostas pela evento esportivo. Chegaram a ficar dias sem luz em meio ao verão catari, quando as temperaturas batem os 50ºC por conta das obras. Alguns impactos negativos.
Mas estão empolgados em poder acompanhar uma Copa pela primeira vez. Vão assistir à estreia brasileira contra a Sérvia e a outros dois jogos no estádio. Para isso, bastará atravessar a rua. Quando perguntei para quem iriam torcer, ele, sofrendo com a segunda vez seguida sem ter sua seleção no mundial, disse que gostava muito do Brasil. Ela… bom, ela é argentina.
Me despedi dizendo que sentia muito, mas que faríamos bastante barulho com a conquista do hexa na grande final, do ladinho da casa dela.
Tradição até nas placas
"É como se fosse a nossa pilcha", ouvi alguém da nossa turma falar sobre as vestimentas árabes. Talvez possa haver um paralelo, principalmente nas cidades do interior do Rio Grande do Sul, onde o tradicionalismo está mais presente no dia a dia, afinal são vestimentas que representam a tradição de um povo.
É também um cartão de visitas. Você percebe que está em Doha quando olha em volta e vê os homens vestindo aquela túnica branca de mangas longas, chamada thobe, acompanhada da ghutra, o chapéu, na cabeça. As mulheres usam o hijab, lenço que cobre o cabelo. E suas variações: o chador, um pouco mais fechado e a burca, que tapa todo o rosto.
Mas o que me chamou atenção foi que além das pessoas, as placas de sinalização também apresentam seus "bonequinhos" vestindo as roupas tradicionais. Nas sinalizações de rua, nos acentos preferenciais e de entrada e saída do metrô, estando no mundo árabe, vista-se como tal. Até na plaquinha da escada rolante tem um aviso bem específico para o local, de cuidado para não prender a túnica nos degraus. Faz sentido, não é?
Agora a sugestão para a gauchada: que tal placas com a turma pilchada?