Já que falei de Maluma, volto a falar em homens bonitos. David Beckham, o jogador mais lindo da história, claro, veio ao Catar. Ele é embaixador da Copa. Dez anos de contrato. Cerca de 18 milhões de euros por ano. Daria para comprar bastante coisa. Mas a imagem dele está arranhada. Especificamente com um público: o LGBT+. O Catar prende pessoas que demonstram amor por outras do mesmo sexo, tem gente presa aqui por isso. E dependendo do ato público, a pena de morte aparece.
Há vinte anos, Beckham era capa da Attitude. Para a revista ele se disse "honrado pelo título de ícone gay". E agora as pessoas que se apaixonam por outras do mesmo sexo estão dizendo que David morreu para elas.
Ele se defende. Diz que a presença dele pode mudar a visão do Catar — do governo, no caso — sobre minorias.
A vida real de hoje é: nesta segunda-feira (21), enquanto a Inglaterra socava o Irã — que mata gays e mulheres em seu país — por 6 a 2, Beckham estava no confortável acento de couro, ao lado das autoridades. No estádio. Sorrindo. Abanando. E perto dele — Catar é menor que o Estado do Sergipe — tem gay encarcerado.
Tudo ainda é mais estranho porque a cada gol do time inglês, tocava Gala, Freed for Desire, canção que embala gols de times ingleses e da seleção. E toca em muita boate do mundo ainda. Inclusive toca nas que o público LGBT+ adora.
Na letra, entoada por milhares, felizes por gols, Beckham ouvia: "O meu amor não tem dinheiro. Ele tem as suas crenças fortes".
Vini joga, Tite?
Passou por mim, ao fim da pelada entre Catar e Equador, o jogo de abertura, Fábio Capello. O técnico negou uma fala comigo. Microfone da Gaúcha na mão, o repórter aqui ouvia cataris sobre o time de terceirona gaúcha deles.
Pensei: se passou Capello, passará mais celebridades do futebol. Esperava Cafu ou Roberto Carlos. Finco o pé. É aqui. E era. Aparecem Tite e Cléber Xavier. Batman e Robin. O técnico e o assistente. Azar o deles. Corro, meto microfone na boca do treinador e começo:
— Já dá pra sentir o friozinho na barriga?
— Sim, bom te ver...
— Vai jogar o Vini Júnior?
— Boa pergunta. Deixa eu...
— Cléber Xavier, me diz tudo. Quem vai no ataque?
— Neymar.
—Um ou dois ao lado dele?
— Dois.