A vaca Viatina-19 FIV Mara Móveis, da raça nelore, é considerada a mais cara do mundo, avaliada em R$ 21 milhões. O mamífero se encontra atualmente na Agropecuária Napemo, localizada na cidade de Silvianópolis, em Minas Gerais. Nesse local, ela vive uma rotina de cuidados que são compatíveis com o valor da sua avaliação.
O animal recebe um tratamento especial, que inclui alimentação diferenciada com capim especial, conhecido como tifton (uma mistura de selagem e feno). Essa ração evita a acidez e estimula a produção de musculatura e não de gordura. Além disso, ela passa as noites em uma baia privativa, que conta com um serviço de limpeza 24 horas por dia e dá acesso a uma área externa cercada, onde ela pode tomar sol, pastar, andar e conviver com outros animais.
Essa baia é monitorada por câmeras de segurança e agentes privados de segurança da própria fazenda. Na porteira há uma proteção por sensor que ativa um alarme quando alguma movimentação provoca a abertura.
O mamífero também passa por um ritual de beleza e cuidados, que inclui pelos aparados regularmente, banhos com xampus hipoalergênicos, para evitar irritação e não alterar o pH da pele, entre outros cuidados.
— A gente passa um óleo de girassol nas orelhas dela quando é dia de apresentação, quando tem visita na fazenda, quando tem exposição. É para dar brilho e evidenciar a beleza do pavilhão auricular — explicou, ao g1, o médico veterinário Cleiton Acelves Borges, um dos responsáveis pelos cuidados do animal.
Grande parte do valor do animal, no aspecto econômico, se justifica por sua beleza e pelos aprumos de qualidade, como membros resistentes e bem formados, sem defeitos. Também é um diferencial a capacidade do animal em gerar óvulos, conhecidos como oócitos, que são coletados para procedimentos de fertilização em laboratório.
Como a vaca é reproduzida
Para passar para as gerações seguintes a genética valiosa da vaca, as empresas responsáveis por ela realizam 10 coletas de óvulos por ano, procedimento conhecido como aspiração. Em cada sessão, é possível recolher 80 óvulos, que são levados para laboratórios para serem fertilizados in vitro com o sêmen de um touro.
Cada um desses procedimentos gera 10 prenhezes (gravidezes), o que dá 100 por ano. No entanto, como nesse processo pode ocorrer aborto ou morte prematura do filhote, há chance de perda de 20% a 25% dos bezerros. Por isso, anualmente, em geral são gerados 70 animais.
Partes leiloadas da vaca
A vaca pertence a Casa Branca Agropastoril, que desenvolve o seu projeto pecuário focado na seleção de reprodutores (machos e fêmeas) em cinco fazendas, sendo quatro no Sul de Minas Gerais, e uma em Mato Grosso, e divide os cuidados do animal com a Agropecuária Napemo e com a empresa de leilões Nelore HRO.
Em 16 de junho deste ano, a Viatina-19 FIV Mara Móveis teve 33% de sua propriedade leiloada por R$ 6,99 milhões. No ano passado, 50% da vaca foi arrematado por R$ 3,99 milhões em um leilão realizado na Expozebu, em Minas Gerais, o que a fez ganhar o título de recordista mundial de preços da raça Nelore.
A vantagem de adquirir partes do animal se justifica, sobretudo, pelo interesse dos produtores nos bezerros que o mamífero pode gerar e nos lucros que poderão ser obtidos com eles. Como cada filhote tem um potencial reprodutor e carrega a carga genética da mãe, os animais que serão gerados também terão um alto valor.
Naturalmente, cada vaca gera um bezerro por gestação, no entanto, ela pode receber estímulos para ovular mais e seus embriões podem ser implantados em outras fêmeas, que funcionam como barrigas de aluguel.
— A Viatina é um banco genético que permite produções com diferentes objetivos. Se você quiser produzir animais de pista, ela vai oferecer toda essa beleza racial. Se quiser produzir carne ao consumidor, ela vai oferecer toda a qualidade de carne nobre — afirmou Borges, ao portal de notícias