Foi aberto oficialmente nesta terça-feira (1º) o Universo Pecuária, feira de negócios focada em inovação, tecnologia e discussões técnicas para a produção de carne. Até domingo (6), o parque do Sindicato Rural de Lavras do Sul, na região central do Estado, será palco para ajudar a construir o protagonismo brasileiro da produção sustentável.
A área do parque recebeu novas instalações para acomodar a feira, que tem expectativa de receber mais de 2 mil pessoas por dia até domingo (6). O público já era grande nesta terça, mesmo com o frio atípico para a época do ano.
Na cerimônia de abertura, Francisco Abascal, presidente do Sindicato Rural de Lavras do Sul, deu as boas-vindas ao público e agradeceu o empenho das entidades copromotoras para a realização do evento, que já nasce com a responsabilidade de pautar a produção de carne nacional.
Nas palavras das autoridades presentes, Lavras do Sul inicia uma nova era com a feira, explorando o potencial econômico que se abre com a valorização das práticas sustentáveis. A avaliação é de que os temas colocados à mesa pelo Universo Pecuária agregam valor à principal atividade da região, que é a produção e a comercialização de animais.
Representando o governador Ranolfo Vieira Júnior, que não compareceu para se dedicar ao comitê criado para discutir os protestos nas estradas, o secretário da Agricultura do Estado, Domingos Velho Lopes, afirmou que o evento é um marco para o desenvolvimento da pecuária regional, estadual e nacional. E que reforça o que já se fala sobre a produção gaúcha:
— O governo se mudou para o Universo Pecuária e somos aqui o real cumprimento de que no Rio Grande do Sul temos o modelo de agricultura, agropecuária e silvicultura mais sustentável que existe no mundo. Conseguimos mostrar ao mundo que somos sustentáveis, produtivos e responsáveis — afirmou.
O secretário ainda chamou atenção para a importância de se reconhecer a pecuária como sequestradora de carbono, a despeito do rótulo de atividade poluidora pela emissão de metano.
Marjorie Kauffmann, secretária do Meio Ambiente, destacou o fato de a preocupação ambiental estar inserida no título e na ideia do evento, mencionando também a importância do modelo produtivo sustentável e as ações estaduais para viabilizar a agenda ambiental vinculada à necessidade econômica.
— Consolidamos aqui essa transversalidade do desenvolvimento com o meio ambiente — afirmou Marjorie.
O tom político pós-eleições apareceu na fala de Gedeão Pereira, presidente da Farsul. O dirigente destacou o "futuro brilhante" que a feira traça para a pecuária e a contribuição da região para a economia do Estado, mas pediu união do setor em torno das suas demandas a depender do que se desenhar a partir do próximo governo federal. Para o dirigente, será preciso combater "o que venha contra o progresso do agronegócio".
— Que tenhamos a sensatez para nos unirs e defender os nossos princípios — pediu Gedeão.
Pecuária do Futuro
Debatida mundialmente, a produção sustentável tem potencial para trazer transformação à metade sul do Estado, além de colocar a pecuária gaúcha de corte como referência para a produção brasileira.
O cenário propício para investimentos em tecnolgias que apostem na produção sustentável foi tema do primeiro debate da Arena do Conhecimento. O painel foi mediado pela colunista Gisele Loeblein.
Temas como desmatamento, emissão de gases e sequestro de carbono foram abordados como questões principais a se debater com a cadeia. Para Luiza Bruscato, diretora-executiva do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), o Brasil será chave nas pautas do futuro, entre elas a adaptação às mudanças do clima, a sustentabilidade e a mudança nos modos de produção, com aposta em produtos biológicos, por exemplo.
Maurício Palma Nogueira, sócio-diretor da Athenagro Consultoria, mencionou a importância do agronegócio na produção de alimentos e a necessidade de o setor saber comunicar o seu papel, divulgando o que já vem sendo feito dentro das agendas socioambientais.
Segundo os especialistas, o agronegócio brasileiro tem potencial de crescimento e oportunidade para novos negócios. Para isso, é preciso apostar na adoção de tecnologias, no olhar "agrodigital" e em levar informação aos produtores rurais.