No cenário nacional, a vitória do ex-presidente Lula traz um desafio em relação ao agronegócio. Não é nenhum segredo que o setor, na sua grande maioria, apoiava o presidente Jair Bolsonaro. Sobretudo no Rio Grande do Sul, como foi explicitado na abertura da Expointer deste ano. Será necessário abrir um canal de diálogo para que possam conversar.
Preferências e identificações à parte, isso se torna necessário em um país que tem no segmento uma força motora da sua economia — no ano passado, a agropecuária teve participação de 27,4% no PIB (produto interno bruto) brasileiro, a maior desde 2004, segundo o Cepea/Esalq.
Na carta aberta divulgada na sexta-feira (28), o petista destacou entre os 13 itens, o da agricultura sustentável, em que pincela algumas ações. Fala, entre outras coisas, em um plano de recuperação de pastagens degradas — 30 milhões de hectares —, na redução de juro do Plano Safra, para pequenos e médios produtores “comprometidos com critérios ambientais” e no “estabelecimento de políticas de preços mínimos para estabilizar o preço de alimentos”.
Eleito, terá de detalhar como pretende implementar as proposições. Importante lembrar que há pontos que são muito caros aos produtores. Um é o direito à propriedade. O outro, o livre acesso aos mercados externos.
No Rio Grande do Sul, o cenário é outro. Eduardo Leite tem, mais do que a simpatia, a convergência de pautas consideradas importantes para o setor produtivo. A começar pela irrigação. Questionado pela coluna no debate da Rádio Gaúcha sobre o assunto, respondeu sobre mudanças feitas e outras que precisam avançar. E defendeu a produção com proteção ao ambiente como ativo da economia.
— Temos de ser um Estado que se apresenta para os mercados mais exigentes como responsável com o meio ambiente — disse.
O assunto também está em seu plano de governo. E aparece também entre as prioridades apontadas pelo agro, como aponta consulta feita pela coluna a líderes de entidades representativas. Tanto Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), quanto Claudio Bier, do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), apontam essa como a ficha número um na nova gestão de Leite.