No ano em que a economia do Rio Grande do Sul será duramente impactada pelos efeitos da estiagem, o planejamento para gerir esse problema recorrente é item obrigatório para quem deseja comandar o Estado. Não por acaso, a temática aparece nos planos de governo dos candidatos que disputarão o segundo turno, Onyx Lorenzoni e Eduardo Leite. Ferramenta apontada como fundamental para reduzir os estragos da falta de chuva, a irrigação puxa o caminho das propostas. Até pelo amplo espaço que ainda pode ocupar no campo.
Com a vantagem de quem já esteve na cadeira de governador, Leite menciona no documento custos e entraves legais como fatores que impedem um maior avanço do sistema na produção. Para superá-los, fala na necessidade de "uma compreensão mais ampla sobre como enfrentar essas restrições dentro de um modelo sustentável".
Onyx, por sua vez, menciona "manejo adequado dos recursos naturais" e "criação de uma alternativa viável de um plano de irrigação", como formas de reduzir os efeitos do clima, dando à produção gaúcha uma maior estabilidade.
É claro que ainda há a necessidade de detalhamentos sobre como viabilizar a concretização dessas diretrizes. O problema é antigo, e as perdas seguem sendo registradas, mostrando que ainda é preciso avançar na busca da solução. Para se ter uma ideia, apenas 2,38% da área total cultivada com soja é irrigada, apesar do avanço percentual no último ciclo. No milho, chega-se a 11,6%.
Representantes de entidades do agro vêm batendo na mesma tecla há um tempo. Não falta chuva ao RS, mas sim, uma distribuição regular ao longo dos 12 meses do ano. Como não e possível controlar o tempo, a alternativa seria guardar para ter quando faltar — a chamada "reservação" de água, sem a qual não se viabiliza a irrigação. É nessa questão, argumentam as lideranças do setor, que tem trancado o avanço da irrigação. Como há divergências legais, o produtor se retrai. E que faz dessa uma temática sensível e importante para o Estado.