A chuva em excesso das últimas semanas causou impactos significativos à agricultura. Na Região Central, nos 35 municípios que recebem assistência da Emater, a cultura que já enfrenta os maiores reflexos é a do trigo. Dos 44.161 hectares plantados, somente 20% foi colhido quando praticamente toda a quantidade já deveria ter sido coletada.
Conforme o gerente regional adjunto da Emater, José Renato Cadó, o prazo máximo, considerado ideal, para colheita do trigo é o dia 10 de novembro. Como em decorrência da umidade isso não será possível, o grão já apresenta perda na qualidade e consequentemente o produtor pode enfrentar outro obstáculo: a redução do preço pago pelo produto:
– A grande preocupação é com a qualidade do grão que já está prejudicada. A umidade faz com que vá se deteriorando. Possivelmente a produtividade que a gente está estimando, em torno de 55 sacas por hectare, não vai ser afetada. Mas, em razão da perda da qualidade, esse grão pode não servir para algumas finalidades e isso obviamente gera problemas de ordem financeira para o produtor. Conforme vai baixando a qualidade, vai baixando o preço.
As culturas de arroz e soja também enfrentam dificuldades em razão da chuva das últimas semanas. No caso do arroz, neste período, era esperado que cerca de 60% já estivesse plantado. O cenário atual é de que somente 32% da área prevista - de 124 mil hectares cultivados com o grão na região - foi plantada. O zoneamento agroclimático prevê que a cultura possa ser semeada até o fim de dezembro. Contudo, Cadó explica que, na região, a melhor época é até o dia 15 de novembro. Com isso, segundo ele, o atraso poderá impactar na redução da produtividade:
– Temos uma janela de plantio adequado que vai de 1º de outubro até 15 de novembro, que é o período mais recomendado. Cada dia que a gente atrasa o plantio significa também uma diminuição da produtividade dessa cultura. Hoje temos 32% da área plantada. Então, se persistir essa umidade, nós não vamos conseguir plantar o arroz até o dia 15 de novembro e, obviamente, vai significar perda no final da lavoura.
Cadó ressalta ainda que há áreas de arroz que foram completamente alagadas em razão da chuva e que será preciso aguardar o tempo se estabilizar para avaliar se essas quantidades precisarão ser replantadas.
Já a soja tem 10% da área total na região - de 974 mil hectares - plantada. Mesmo com o percentual baixo (o ideal era ter cerca de 50% semeada), Cadó explica que o atraso do plantio deve ser menor em razão do maior potencial tecnológico que é disponibilizado para semear a cultura. Com isso, conforme ele, toda a quantidade prevista deve estar plantada até início de dezembro e a soja deve ser a cultura com menores prejuízos na região.
De acordo com a Emater, somente em Santa Maria, o mês de outubro registrou 528 milímetros de chuva – que é considerado três vezes mais do que a média histórica para o período.