*Giana de Vargas Mores, doutora em Agronegócio e professora da IMED Business School e Dieisson Pivoto, doutor em Agronegócio e bolsista de pós-doutorado da IMED
O Brasil é o maior produtor de alimentos da região tropical no mundo. Somos referência e líderes em carne bovina e de frango, soja, suco de laranja, café… Entretanto, a sociedade passou por mudanças socioeconômicas recentes e não demanda apenas produção. Exige garantia da qualidade dos alimentos, como sanitária, ambiental e social. Não basta apenas produzir um novilho com qualidade de acabamento de carcaça, é necessário explicitar que vem de uma área sem embargos ambientais, com trabalhadores legalmente habilitados e que seguem normas de bem-estar animal.
Como podemos ter conhecimento e informações para atender à crescente demanda da sociedade por informação? Temas como perdas e desperdício de alimentos e mudanças climáticas estão entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma das respostas vai ao encontro do uso do conhecimento e inovação no agronegócio.
Entre as tecnologias, destaca-se o big data, empregado por grandes empresas para fins de rastreabilidade, predição e prescrição de manejos nos sistemas de produção. O conceito pode ser descrito por 5v's: volume (quantidade de dados), velocidade (agilidade na captura e na geração dos dados), variedade (diferentes tipos de dados e de diversas fontes), veracidade (confiabilidade dos dados) e valor (geração de valor à sociedade). Observamos empresas e startups como soluções para os produtores rurais e empresas do agro com o uso do big data na agricultura de precisão e na análise de crédito rural.
Ao considerar o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, esperamos um maior nível de inovação para que o agronegócio do país possa se manter competitivo. Por outro lado, observamos um descompasso entre as inovações para a agricultura e sua difusão entre os agentes inseridos nos sistemas produtivos.
Estamos longe de uma agricultura inteligente ou digital no agronegócio. O que observamos são inserções pontuais dessas tecnologias, em especial de big data. No Brasil, apesar de os números aumentarem a cada safra, ainda não utilizamos todo o potencial da digitalização e da inserção da inteligência artificial para o processamento de dados. Falta a coordenação entre os diferentes elos da cadeia e uma visão setorial de longo prazo sobre qual agro queremos ser.