O mais jovem do clã político da família, Luis Antonio Covatti Filho assume aos 31 anos um novo desafio na vida pública. Reeleito deputado federal pelo Partido Progressista no Rio Grande do Sul, comandará a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural no governo de Eduardo Leite.
Pelos próximos quatro anos, terá pela frente a tarefa de cuidar do setor que responde por pelo menos um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. Questões importantes como os prejuízos causados no Estado pela deriva do herbicida 2,4-D e a decisão sobre a retirada ou a manutenção da vacina contra a febre aftosa estão entre as que terão de ser endereçadas em sua gestão. Filho do ex-deputado Vilson Covatti e da deputada estadual reeleita Silvana Covatti, o político nascido em Frederico Westphalen, no norte do Estado, precisará administrar, ainda, a fusão da antiga pasta do Desenvolvimento Rural, que atende à agricultura familiar.
O Campo e Lavoura de Zero Hora convidou cinco representantes de entidades ligadas ao agronegócio para que fizessem perguntas ao novo titular da pasta sobre temas considerados importantes. Veja os principais trechos das respostas.
Qual a participação da secretaria na busca de solução para o problema do herbicida 2,4-D, para que nenhum dos lados envolvidos seja prejudicado?
Resposta de Covatti Filho:
"É claro que é um assunto que está em voga, todo mundo está discutindo, o setor permanece apreensivo para ver qual é a posição da secretaria. Tenho de chamar as duas partes envolvidas. Sabemos que, de um lado, temos a produção que é um dos principais carros-chefe da agricultura, a soja.
Do outro, categorias que estão crescendo, que é o caso da vitivinicultura, olivicultura, e assim vai. Vamos chamar esses setores e conversar. Há várias saídas em que podemos trazer segurança para ambas as partes."
A produção insuficiente de milho e a defesa sanitária animal são limitantes para o acesso a novos mercados. Estarão entre as prioridades na sua gestão?
Resposta de Covatti Filho:
"Claro que sim. A gente tem esse desafio, e eu sempre digo que nosso trabalho será cuidar da porteira para dentro. Vamos procurar, com as entidades, tentar de todas as formas pegar toda essa política e essa gama de agentes e recursos que a secretaria terá disponível para fomentar cada vez mais a produção. A questão da fiscalização é um assunto que trabalhamos com o Ministério da Agricultura. Estamos conversando com todos os técnicos da secretaria para a gente fortalecer. É claro que temos de andar sempre sincronizados: a parte da fiscalização e a segurança jurídica para o agricultor."
Com a fusão das duas secretarias, como ficarão os programas da agricultura familiar?
Resposta de Covatti Filho:
"Nosso objetivo é proteger o agricultor, e a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) faz muito bem esse trabalho. Ela tem na sua estrutura cinco departamentos, que serão mantidos. Os departamentos administrativos da Agricultura e da SDR vão se juntar, mas hoje temos o departamento da agricultura familiar, do cooperativismo e os que cuidam das políticas de implementação e de ajuda ao agricultor. Nosso objetivo é sempre dar essa garantia, principalmente à Fetag, de que vamos continuar todas as políticas públicas. E ouvir todas as entidades representativas, para poder melhorar cada vez mais as políticas implementadas pela SDR e que, a partir de agora, serão implementadas pela Secretaria da Agricultura."
Haverá incentivo à irrigação? E como serão tratadas a burocracia de licenciamentos e outras questões que acabam sendo entraves para a produção?
Resposta de Covatti Filho:
"Já tivemos conversa com o governador Eduardo Leite, que quer harmonia entre o ambiente e a agricultura. E precisamos dessa harmonia para o crescimento da agricultura, sempre protegendo o ambiente. Vamos tentar fazer estudo técnico entre as duas secretarias para facilitar essa questão burocrática.
Na questão de incentivo à irrigação, teremos um grande ganho. No novo governo federal, por meio da ministra Tereza Cristina, teremos, na área da agricultura, uma secretaria especializada em irrigação. Com essa parceria entre Secretaria da Agricultura e Ministério da Agricultura, prevemos e vamos trabalhar para que isso ocorra, priorizando incentivos para ampliar a área irrigada do Estado."
Quais os planos em relação à produção de leite, sabendo que concorremos diretamente com o Mercosul, para que não aumente ainda mais o número de famílias que deixam a atividade?
Resposta de Covatti Filho:
"Estamos vivendo uma crise nesse setor e enfrentando essa questão do Mercosul, que abrange outras cadeias produtivas. Acho que com o Mercosul teremos enfrentamento de posição, de defesa do produtor brasileiro. Vamos tentar fazer o máximo possível para que o novo governo possa fazer uma reavaliação do bloco perante a agricultura. Claro que o principal objetivo é tentar minimizar essa crise que o leite está enfrentando. Tanto é que nas primeiras semanas de janeiro iremos para Brasília para ver se conseguimos compra do leite pelo governo federal, para dar um oxigênio ao setor. Nos preocupa muito que mais de 20 mil famílias abandonaram a produção de leite. Queremos evitar que esse número aumente cada vez mais."