Responsável por 85% da produção de espumantes do país, o Rio Grande do Sul tem entre os gaúchos seus principais consumidores, seguidos de paulistas e cariocas. À primeira vista, a escolha pela bebida local pode ser confundida com bairrismo. Mas a realidade é outra. A preferência é o reconhecimento, chancelado por tradicionais concursos internacionais, ao trabalho de agricultores e vinícolas, muitas centenárias.
Hoje, o espumante é a bebida ícone do setor, explica Oscar Ló, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O terroir — combinação de solo e de clima — da Serra e da Campanha faz com que os borbulhantes expressem características únicas de frescor e versatilidade.
— O Brasil pede uma bebida mais leve e, como o espumante, que é frutado, é ideal para conquistar novos paladares — destaca o presidente do Ibravin, destacando que o mercado é de 30 milhões de pessoas no país, mas pode chegar a cem milhões.
Nem a crise afastou a sede dos brasileiros pela bebida. De janeiro a outubro de 2018, o consumo de espumantes cresceu 13,44%, total de 12,7 milhões de litros, índice puxado pelos moscatéis, que cresceram 28,5%.
— Poucos produtos aliam tanto o campo à mesa urbana quanto os bons vinhos. No caso do Brasil, os espumantes fazem sua parte — ressalta a enóloga Maria Amélia Duarte Flores, da Casa Vinho e Arte.
Ela garante que hoje o espumante está entre os destaques mundiais, não em produção, mas em alta qualidade. Confira rótulos selecionados por Maria Amélia:
Campos de Cima Extra Brut – lá de Itaqui, marcada pelo charme e pioneirismo desta linda vinícola da Fronteira Oeste. O cuidado na elaboração desta joia a qualifica entre os melhores da América Latina (Guia Descorchados).
Villa Matarazzo Maysa Rosé – elaborado em parceria com a Guatambu, na Campanha, é uma homenagem à mãe do cineasta Jayme Monjardim, a mítica cantora Maysa. Intenso, único, produção limitadíssima. Este projeto coloca o vinho brasileiro nas principais mesas e festas do Brasil: são grandes empresários e personalidades acreditando no sabor do vinho brasileiro.
Vinícola Peterlongo Moscatel Rosé Presence – vinho símbolo do Brasil, remete aos primórdios, seja da história de cada um ou da coletiva. Todos começamos degustando algo doce, importante sempre que seja de qualidade. A cor é linda e convida a deliciosas harmonizações.
Miolo Millesime, Maria Valduga, Don Laurindo Rosé – essas famílias que fizeram e fazem a história do Vale dos Vinhedos sempre merecem destaque. A forma como se organizaram e cresceram respeitando o ambiente, o entorno e os valores familiares é digna de belos livros e romances. A qualidade, inquestionável.
Cave Geisse – o enólogo Mario Geisse é um dos principais expoentes da serra gaúcha e do Chile. Não bastasse seu revolucionário trabalho com a uva carmènére, é dele também o mérito desta explosão qualitativa do espumante brasileiro. Seus produtos, a cada dia mais surpreendentes. Conheça a linha Terroir.
Curiosidades
Vinho com "bolinhas"
- O espumante é elaborado a partir de duas fermentações alcoólicas. A primeira é a mesma que se faz para vinho tranquilo, sem "bolinhas".
Variedades
- As principais uvas utilizadas são chardonnay, pinot noir, riesling, moscato e prosecco.
Métodos
- Tradicional: também chamado de champenoise, é quando a segunda fermentação ocorre dentro da garrafa.
- Charmat: a fermentação acontece em grandes tanques (autoclaves).
O que é um brut? Um sec? Ou um demi-sec?
Depende da quantidade de açúcar. Assim, um litro de espumante terá:
- Nature: até 3g
- Extrabrut: até 6g
- Brut: de 6 a 15g
- Sec/Seco: de 15 a 20g
- Demi Sec/Meio Seco/Meio Doce: de 20 a 60g
- Doce: acima de 60g
Fonte: Ibravin