Os dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 reforçam e comprovam a importância da Região Central para o setor do agronegócio. Prova disso é que cinco municípios figuram entre os principais produtores da soja, uma das principais e mais lucrativas culturas do Estado.
Tupanciretã lidera a lista de 20 municípios, com 496,3 mil toneladas produzidas de soja. Na sequência, Júlio de Castilhos apresenta a maior produção com 400,3 mil toneladas. Em terceiro lugar, a Região Noroeste é representada por Cruz Alta, com 335,2 mil toneladas. Depois, São Gabriel, na Fronteira-Oeste, em 4º lugar, tem 319,5 mil toneladas do grão produzidas. Santa Bárbara do Sul ocupa a 5ª posição, 305,8 mil toneladas.
Os números evidenciam o aumento da produção de soja em diferentes regiões do Rio Grande do Sul. Em comparação com o ano de 2006, quando foi realizado o último censo agropecuário, São Gabriel, por exemplo, tinha uma produção de 91 mil toneladas do grão e, agora, o município é um dos principais produtores, com um crescimento de 251% nos últimos 11 anos.
— A soja passou a ter uma liquidez maior no seu desenvolvimento, preços passaram a ser compensadores. Hoje temos valores da saca da soja em torno de R$ 73, R$ 75 que são históricos. Nesses últimos cinco anos, tivemos um patamar de preços bons. E a produtividade também incentivou os agricultores a aumentarem as áreas destinadas ao cultivo de soja —, destacou o gerente regional adjunto da Emater em Santa Maria, José Renato Cadó.
A Região Central ainda tem mais três municípios na lista divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cachoeira do Sul ocupa o 7º lugar com 297,2 mil toneladas, Capão do Cipó o 12º com 174,7 mil toneladas e São Sepé o 18º, com 167 mil.
Ainda conforme o gerente regional adjunto da Emater, a expectativa da instituição era de que Cachoeira do Sul, que apresenta a segunda maior área de soja do Estado (143 mil hectares), ocupasse o segundo lugar no ranking de municípios com maior produção do grão. Contudo, devido à estiagem que atingiu o município na última safra, a produtividade teve redução de 33%.
Cadó explica que o ápice do crescimento da produção de soja da região começou há cerca de 8 anos, quando a área plantada aumentou em quase 20%. Agora, nos últimos três anos, o crescimento tem se mantido estável, na base de 2 a 3% ao ano. A Região Central tem quase um milhão de hectares plantados com soja.
O Censo Agro também revelou dados preocupantes na região, a exemplo do que também foi evidenciado no Estado: o envelhecimento da população do campo. Da região de cobertura da Emater em Santa Maria, que inclui 35 municípios da Região Central, 43% das pessoas que administram as propriedades rurais têm mais de 60 anos e apenas 3% tem menos de 30 anos. Cadó afirma que um dos caminhos para aumentar a participação dos jovens no campo é a criação de mais políticas públicas que garantam a estabilidade financeira no meio rural:
— Precisamos urgentemente ter políticas públicas muito bem direcionadas para a juventude, a nível municipal, estadual e federal. Subsídios para fazer com que os jovens tenham a possibilidade de permanecer no meio rural, com renda, gerando riqueza e vivendo bem nesse meio. Se não tivermos políticas públicas atrativas, essa tendência de esvaziamento do campo vai continuar.
Entre os 20 municípios do Rio Grande do Sul com maiores percentuais de produtores com 60 anos ou mais, na Região Central, São João do Polêsine, está em 3º lugar, com 58% da população do campo com essa idade. Na sequência, Silveira Martins ocupa a 12ª posição (54%) e Santa Maria a 19ª (52%).