O juro agrícola, hoje superior à taxa básica (Selic), deverá ser reduzido no próximo Plano Safra — que entra em vigor em julho. Em visita nesta quinta-feira (8) à Expodireto-Cotrijal, em Não-Me-Toque, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, adiantou que o novo percentual está sendo negociado com a equipe econômica do governo.
— Historicamente, sempre tivemos juros agrícolas mais baixos do que a Selic, então é natural que se caminhe nesse sentido — disse o ministro, logo após desembarcar na feira.
As taxas do crédito agrícola variam de 7,5% a 10,5% ao ano, enquanto a Selic está em 6,75% ao ano — após 11 quedas consecutivas decididas pelo Banco Central. Apesar de confirmar as negociações para reduzir o juro do agronegócio, Blairo não adiantou qual percentual está sendo costurado:
— O que podemos afirmar é que, provavelmente, não pagaremos os juros que estamos pagando hoje.
Mesmo com o limite de gastos do Planalto, a redução do juro do agronegócio terá espaço pela queda da inflação e da taxa Selic, explicou o secretário de Política Agrícola, Neri Geller:
— Estamos fazendo um debate técnico com o governo, por isso ainda não falamos em percentuais.
Se a perspectiva de redução agrada aos produtores, preocupa as indústrias do setor. O risco é de que a possível mudança da taxa iniba investimentos no primeiro semestre.
— Não sabemos se realmente vai baixar e em quanto. Além do que, a decisão de compra não pode se basear apenas em juro, mas também pelo mercado dos produtos agrícolas e a necessidade de investir _ avaliou Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Mesmo com a taxa agrícola superior à Selic, as vendas na Expodireto deverão superar de 5% a 8% os negócios do ano passando, segundo projeção da Abimaq.
— O juro de hoje não é um impeditivo para venda, até porque a Selic é apenas uma referência, não se encontra esse juro médio no mercado — ressaltou Bastos.
Durante a Expodireto, o ministro da Agricultura também deu detalhes sobre as medidas que estão sendo tomadas para evitar a restrição de compras de carne do Brasil por conta da terceira fase da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na última segunda-feira. Até agora, segundo Blairo, nenhum mercado suspendeu as importações:
— Desta vez, não fomos pegos de surpresa, o que nos ajudou a antecipar as explicações aos principais compradores.
Na primeira fase da operação, lembrou o ministro, quando mais de 40 mercados restringiram compras à carne brasileira, foi preciso viajar a vários países para dar explicações. Desta vez, uma nota de esclarecimento foi enviada a embaixadores e compradores logo após a operação.
— E quarta-feira, fizemos uma complementação da nota com respostas mais específicas, olhar técnico e não espetaculoso. O processo está sendo bem conduzido — afirmou Blairo.
Nas seis horas em que esteve na feira, o ministro visitou estandes de máquinas, almoçou com dirigentes da Cotrijal e conversou com produtores de leite, arroz, trigo e suínos.