Rosetas exibidas em 120 grandes campeões que irão desfilar hoje na pista central do parque Assis Brasil, em Esteio, identificam os animais que terão seus destinos transformados após a 38ª Expointer. Ao conquistar a premiação mais importante de suas raças, os exemplares irão carregar o peso da escarapela - repassada também a gerações futuras.
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O desfile dos campeões, que será acompanhado hoje por autoridades como a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, será apenas o começo da exibição que os animais terão a partir de agora. Com o título, bovinos, ovinos e equinos terão seus passes valorizados em remates, centrais de inseminação ou transferência de ventres.
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O touro campeão da raça polled hereford, da Cabanha Santo Ângelo, de Barra do Quaraí, poderá ter herdeiros multiplicados. Enquanto uma dose de sêmem de um animal convencional da raça custa R$ 25, o grande campeão pode ter o material genético vendido por até 10 vezes mais.
- A roseta pode fazer o valor do animal quadruplicar, ou até mais, isso sem contar o ganho com seus herdeiros - conta o criador Jorge Martins Bastos, 65 anos, proprietário da cabanha, que faturou também a grande campeã fêmea da raça polled hereford.
De família de pecuaristas, Bastos já perdeu as contas de quantos campeões da Expointer já levou para casa. A seleção genética, para resultar em um grande campeão, começa logo que o animal nasce.
- Ao pé da mãe já dá para saber se o animal terá potencial. O faturamento anual da cabanha é impactado pelos grandes campeões - revela Bastos.
As características avaliadas no olho treinado do criador vão de desenvolvimento corporal a tamanho e postura. As mesmas especificidades são analisadas nos julgamentos da Expointer, incluindo peso do animal, produção (carne, leite ou lã) e funcionalidade.
- A avaliação morfológica é feita em busca de um padrão de perfeição - explica Pablo Charão, comissário geral da 38ª Expointer.
Os campeões ficam visados por quem busca material genético.
- O título de campeão da Expointer é um forte argumento de venda - confirma Antônio Cabistani, diretor da Cort Genética, central de genética bovina.
Mas o título não garante que os animais serão bons reprodutores, pondera Cabistani.
- A partir de agora eles terão a oportunidade de serem testados para provar suas qualidades genéticas valorizadas pelo mercado - completa Cabistani, citando características como maciez da carne, cobertura de gordura e cortes nobre de carcaça.
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Valorização pode ser de até 10 vezes
Frederico Pons feliz com a vitória entre os ovinos - Foto: Caco Konzen/Especial
Grande campeão da raça ideal na 38ª Expointer, na última terça-feira, o ovino Santa Angela IA 1871 foi levado a leilão no dia seguinte. O animal foi vendido por R$ 28,8 mil, 10 vezes mais do que o valor médio de um carneiro da raça.
- Ele já havia sido campeão na Feovelha, em Pinheiro Machado, e na Fenovinos, em Caçapava do Sul. Aqui na Expointer, atingiu a premiação máxima - comemorou o pecuarista Frederico Fittipaldi Pons, 38 anos, da Cabanha Santa Angela, de Uruguaiana.
Com dois anos e 138 quilos, o animal foi avaliado também pela finura da lã. E os frutos da roseta da Expointer não irão se resumir à venda valorizada do animal. Ao perceber o potencial do exemplar, Pons já selecionou os herdeiros do campeão, que estão sendo criados na cabanha, que tem um plantel de 250 fêmeas pura origem.
- Investimos muito em genética, com uma seleção rigorosa. Importamos também exemplares do Uruguai, da Argentina e da Nova Zelândia - contou o criador, com o filho Santiago Monteiro Pons, dois anos, no colo.