Na passagem pelo parque Assis Brasil, em Esteio, o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, foi bombardeado com perguntas sobre a possível extinção da pasta dentro do projeto de reforma administrativa do governo federal. Mesmo sem fugir das respostas, não conseguiu desfazer as incertezas.
Antes mesmo de chegar ao Pavilhão da Agricultura Familiar, em almoço com parlamentares ligados ao setor, ouviu pedidos reiterados para que o governo não feche o ministério, criado em 1999 para atender exclusivamente os pequenos produtores. Talvez tenham esquecido de avisar Patrus, mas o fato é que já circulam rascunhos de como seria uma das propostas de reestruturação, com a pasta fatiada em três partes, como publicado na edição de quinta em Zero Hora.
- Agricultor tem, sim, tamanho, precisamos de políticas diferenciadas. Não vamos admitir que o ministério suma do mapa - disse Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura, enfatizando a última palavra, que lembra o acrônimo do Ministério da Agricultura (conhecido pela sigla Mapa).
Da mesma forma, a coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, Cleonice Back, afirmou que a entidade não irá aceitar junções de ministérios.
O deputado petista Elvino Bohn Gass nega que a extinção do MDA esteja sendo cogitada. E afirma que o fim da pasta "seria uma grande contradição do governo". Há quem diga que o assunto tem causado mal-estar entre os integrantes do partido da presidente e uma onda de alegria entre parlamentares ruralistas, que defendem a existência de uma pasta única.
Diário da Expointer: o sucesso da agricultura familiar
Entrevista com o ministro Patrus Ananias
Existe risco de extinção do ministério?
Não tenho nenhum conhecimento formal, oficial. Em viagens que tenho feito nos últimos dias, há dias que não me encontro com a presidente Dilma Rousseff. Não estou preocupado com essa questão. É uma decisão da presidente. A lembrança mais forte que tenho comigo foi o encontro que nós tivemos, a presidente, ministros, com entidades e movimentos sociais em Brasília, quando ela declarou expressamente que manteria e que continuaria cumprindo plenamente suas funções. No lançamento do Plano Safra familiar, em junho, nos deu uma tarefa, que é apresentar um plano efetivo, viável, de reforma agrária. Por conta disso, estamos trabalhando normalmente.
Qual a avaliação que faz da agricultura familiar no Rio Grande do Sul?
Fui para Encruzilhada do Sul, onde inauguramos agroindústrias de processamento de sementes crioulas. Fiquei muito bem impressionado, é uma conquista decorrente de grande parceria. Isso mostra a força e a presença da agricultura familiar no processo de desenvolvimento sustentável do Brasil.