Com 380 mil propriedades familiares, o Rio Grande do Sul começa a liderar movimento pela manutenção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Desde que o governo federal anunciou o enxugamento de 10 pastas, surgiram especulações sobre uma possível extinção ou fusão do MDA. Nesta quarta-feira, parlamentares ligados ao setor estiveram reunidos em Brasília. Um deputado petista rascunhou o desenho de um dos modelos pensados para a reforma. Nessa proposta estaria: fim do ministério, com a Anater, assentados e ribeirinhos ficando sob o guarda-chuva do Ministério do Desenvolvimento Social, Incra absorvendo todas questões agrárias e agricultores de porte médio direcionados à Agricultura.
A mobilização pró-MDA ganha força nesta quinta na Expointer, quando o ministro Patrus Ananias faz uma incursão pelo pavilhão da Agricultura Familiar. Logo depois, deve reunir-se com representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS).
- Os rumores estão aumentando. Se o governo acabar com o MDA, vai rasgar, literalmente, o discurso da presidente Dilma de valorização da agricultura familiar - entende Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.
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A conversa na feira será um primeiro passo, mas a entidade garante que, se preciso, "vai botar o povo na rua" em defesa do ministério. Um documento será entregue ao ministro. O presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, deputado federal Heitor Schuch (PSB), também protocolou nesta quarta o documento na Casa Civil, com a assinatura de outras nove frentes do Congresso ligadas ao setor.
Criado em novembro de 1999, o MDA volta suas ações - e orçamento - especificamente para os pequenos produtores.
- Foi uma das grandes conquistas. A partir do ministério, começaram a ser discutidas políticas públicas para o setor. Temos um diálogo direto - reforça Cleonice Back, coordenadora da Fetraf-Sul.
O grande temor do setor, responsável por 70% da produção nacional de alimentos e que representa 84% de todas as propriedades rurais do país, é perder recursos e autonomia. Oficialmente, o governo ainda não sinalizou quais ministérios serão extintos. A indefinição só faz crescer as especulações sobre o assunto.