Crise é palavra desconhecida no pavilhão da Agricultura Familiar da Expointer, em Esteio. As vendas até o quinto dia de feira estavam 7,37% acima da edição anterior, ultrapassando R$ 1 milhão.
- As pessoas economizam em bens maiores, mas aqui vendemos coisas pequenas, produtos que comiam na casa da vó - comemora a secretária-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Elisete Hintz.
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Segundo ela, o carro-chefe das vendas costuma ser o salame e o queijo colonial. O calor que marca a semana da feira, porém, tem levado os visitantes a experimentar novos produtos. No domingo passado, donos dos estandes de suco foram obrigados a providenciar mais laranjas porque o estoque previsto para durar até quarta-feira já tinha acabado.
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Outro fator que impulsiona as vendas nos estandes da agroindústria, acredita a representante da Fetag, é a preocupação dos agricultores em apresentar novidades aos visitantes. Neste ano, participaram da Expointer 178 agroindústrias, cinco expositores de plantas e flores e 49 de artesanato, além de sete cozinhas, totalizando 239 empreendimentos e mais de mil famílias.
Dono de um sítio que produz geleias e conservas em Encantado, no Vale do Taquari, Vitório Pedro Zanella comemorou a aposta em um produto incomum nesta edição da feira: a chimia de tomate. O produto puxou as vendas do estande, que, em três dias, superou o faturamento de 2014. Somente a receita nova, preparada pela mulher e pela filha, ultrapassou mil unidades vendidas.
- Em quatro horas, vendi umas 10 caixas (com 24 cada) na quarta-feira. A crise a gente rebate trabalhando - aconselhou, com um sorriso.
Parmesão para petiscar
Foto: Caco Konzen/Especial
Dono de uma fábrica que produz queijos com a família, Marcelo Somacal, 38 anos, resolveu estrear na produção de parmesão com uma proposta diferente. Em vez de produzir o queijo duro, que você ama ralar sobre aquele prato de massa ao sugo, ele desenvolveu o mesmo queijo em uma versão mais suave e cremosa, para os que gostam tanto do sabor que querem tê-lo na tábua de petiscos.
- Estamos sempre trabalhando com técnicos para pensar coisas novas. O cliente exige isso - conta o produtor, de Farroupilha, na Serra, que vendeu 350 quilos do novo queijo nos primeiros dias de feira.
Cachaça gourmet envelhecida no carvalho
Quem pensa que cachaça é água tem tudo para se confundir no estande de Luiz Antônio Scarton. O xodó do produtor de Augusto Pestana, no noroeste gaúcho, foi destilado nada menos que três vezes e repousou por nove anos em um barril de carvalho americano:
- Tem gente que prova e diz que parece whisky. Eu digo que é melhor.
Pela primeira vez na feira, a Pergaminho, como chamou o produto, não é para qualquer bico. Para conferir o resultado da bebida que descreve como gente, de "personalidade forte", é preciso desembolsar R$ 230. Mesmo com o preço salgado, Scarton vendeu duas das 12 garrafas separadas para a Expointer.
- Tenho produzido em menor quantidade, com foco na qualidade. Antigamente, o estande atraía mais gurizada, e hoje é um público de meia-idade, que valoriza o produto - avalia.
Geleia sem açúcar
Foto: Caco Konzen/Especial
Foi a partir de uma preferência pessoal que a estudante de Engenharia de Alimentos Raquel Pellegrini, 27 anos, resolveu testar novas versões para o antigo produto produzido pela família, natural de Paraí. O que a jovem não esperava é que a geleia sem açúcar, da qual criou quatro sabores, fosse cair nas graças do público da feira.
- Comecei a fazer porque eu não gosto muito do doce, mas gostava da fruta. Meu estoque acabou. Agora, só tenho o que está aqui - afirmou, apontando os exemplares à mostra no estande.
Raquel acredita que sua receita, que não leva adoçante nem conservantes, agradou especialmente a quem é fã do doce, mas busca ter uma alimentação mais saudável.
- A gente tem que aproveitar esse mercado, de quem quer comer bem e se cuidar - sorri a produtora, que participa da Expointer pela quarta vez.