Selada nesta quinta-feira, a parceria que rebatizou e garantiu a continuidade do reconhecido indicador de preços do arroz medido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) serve não só como bússola aos negócios, mas como ferramenta de pressão política.
Bancado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) - o valor investido não foi divulgado pela entidade-, o agora Indicador do Arroz em Casca Esalq/Senar-RS será um dos trunfos na tentativa de aumentar o preço mínimo, de R$ 29,68, definido com base em tabelas de custos de produção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que vêm sendo contestadas pelo setor.
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Nesta quinta-feira, na sede da Farsul, o tom foi de críticas à companhia e insinuações sobre interferência política na definição do valor.
Presidente da Farsul, Carlos Sperotto disse que o indicador não deve ser "ferramenta para briga", mas ressaltou que há necessidade de uma pesquisa isenta e confiável para balizar, respaldar e orientar o setor. A posição foi endossada pelo presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Henrique Dornelles.
Economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz explica que o preço mínimo impacta não só nas vendas do produto, mas em questões como por exemplo, o acesso ao crédito:
- Seria um risco e um retrocesso não ter mais este indicador, pois ele mostra a realidade do setor ao governo, quando ele quer ver. E ajuda a manter no horizonte a possibilidade de virem a ser firmados contratos futuros no arroz.
Representante do Cepea, Lucilio Alves explicou que o indicador seguirá a mesma metodologia dos últimos 10 anos e estará imune a qualquer interferência externa.
Sperotto ainda confirmou que a parceria recém-firmada com o Cepea abre caminho para a criação de um indicador semelhante para a produção de trigo. Segundo Luz, os padrões estão sendo definidos, e a meta é instituí-lo em 2016.