De Ribeirão Preto (SP)*
É com a tônica da realidade que as empresas têm tratado o assunto venda de máquinas na 22ª Agrishow. Ninguém está dourando a pílula. Pelo contrário, todas as marcas sabem que, diante da atual conjuntura, o desafio é conseguir conquistar - e manter - um espaço à mesa do produtor. As projeções para 2015 são de retração nos negócios entre 10% e 15%. No primeiro trimestre, o tombo foi grande: 15% no segmento de tratores e pelo menos 35% nas colheitadeiras.
- O mercado neste ano está difícil - reconhece Alessandro Maritano, vice-presidente da New Holland para a América Latina.
Apesar disso, as empresas apostam em ganhar mais espaço. Todas estimam crescer em participação. Considerando que o bolo vai ficar menor, o jeito é reforçar as estratégias para não correr o risco de perder espaço para a concorrência.
Carlito Eckert, diretor comercial da Massey Ferguson, avalia que quando o mercado começa a apertar, é preciso atentar ainda mais ao que o agricultor procura:
- Hoje, o produtor não quer mais um vendedor, quer alguém que entenda seu negócio e o ajude a ser competitivo.
Depois de redução no quadro da fábrica de colheitadeiras em Santa Rosa - de 154 pessoas -, Eckert não trabalha com o cenário de novas demissões.
Com a métrica das vendas feita a partir do varejo, a John Deere detectou ainda em 2014 a marcha lenta dos negócios. E cortou no ano passado 167 vagas na unidade de plantadeiras e colheitadeiras em Horizontina.
- Em um ano que tem gente puxando o freio de mão, estamos lançando 11 produtos - tranquiliza Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil e vice-presidente de marketing e vendas da América Latina.
Para a Agrishow, que tem boa parte dos negócios impulsionada pelos produtores de cana - ainda sob o estigma da crise -, repetir o resultado do ano passado já será considerado um grande feito. O segundo trimestre será fundamental para a receita do bolo não desandar. A expectativa é de que seja melhor do que o primeiro.
O segundo semestre ainda é de incerteza devido à combinação de fatores que inclui as indefinições quanto à taxa de juro e preço das commmodities agrícolas.
*A colunista viajou a São Paulo a convite de um pool de empresas do setor