Os resultados das exportações gaúchas do agronegócio no primeiro mês de 2015 trazem perspectivas para o ano e outras surpresas que, no entanto, são mais uma ilusão de ótica do que uma representação fiel da realidade.
Fato número um: na comparação com janeiro de 2014, houve aumento de 6,37% na receita. Entre os destaques positivos, o avanço de 7,24% nos embarques de carne bovina e de 6,44% nos de carne suína - embora o grupo carnes como um todo tenha tido queda de 8,38%, reflexo do resultado das exportações de frango.
Descolada do resto do Brasil, que teve diminuição da receita no período, a carne bovina do Rio Grande do Sul continuou em alta, em uma tendência que deve se manter ao longo do ano, estima Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), responsável pelo relatório da entidade sobre exportações e importações do setor:
- A gente entrega em mercados melhores e vende para outros países além da Rússia. A exportação é fundamental para o preço pago ao produtor.
Fato número dois: em janeiro, o chamado complexo soja fechou em baixa, puxado pelo fraco desempenho de produtos industrializados, como óleo (que caiu 46% em receita) e bagaços e outros resíduos (queda de 3%).
- Por causa desses produtos houve redução no complexo soja, carro-chefe das nossas exportações. Mostra que a retração é principalmente da indústria - explica Luz, que aposta na melhora dos negócios com a entrada da nova safra.
Fato número três: no grupo dos cereais, ironicamente foram as vendas de trigo maiores que puxaram o desempenho para cima, na comparação com igual mês do ano passado. O efeito, no entanto, é muito mais estatístico do que real, pondera o economista da Farsul. Para quem não lembra, a safra de trigo teve problemas de tamanho - encolheu 52% - e qualidade.
O produto ficou fora dos parâmetros exigidos para a finalidade do mercado interno.