Do porto às lavouras, o setor produtivo do Rio Grande do Sul acumula prejuízos com a paralisação nas estradas. A partir da 0h de quinta-feira, o porto de Rio Grande começou a ser afetado, terminando o dia com 60% das operações paralisadas, segundo a superintendência. São problemas desde a chegada de caminhões até o embarque de navios. O Tecon, terminal de contêineres, informou que o recebimento de cargas está "bem abaixo da média" e que essa queda impactará no movimento do mês de fevereiro.
Há perdas ainda no caminho entre propriedades e indústrias.
O Sindicato das Indústrias de Leites e Produtos Derivados (Sindilat-RS) contabilizou 4 milhões de litros que deixaram de ser recolhidos na quinta-feira -de um total de 13 milhões de litros processados por dia.
- A indústria também está tendo de descartar leite. É um produto muito perecível, com produção diária - afirma Alexandre Guerra, presidente do Sindilat-RS.
Em um único posto de resfriamento, 200 mil litros de leite tiveram de ser jogados fora porque não havia caminhão para levar o alimento até a indústria. A Cotrisal, em Sarandi, descartou 740 mil litros, estocados há 3 dias e impróprios para o consumo.
Sem uma estimativa fechada, Guerra calcula na casa dos milhões o prejuízo do setor. A conta dessa redução na oferta vai parar no bolso do consumidor.
Na produção de grãos, há dois efeitos. O primeiro é a falta de frete para o produto colhido.
O segundo, a escassez de diesel, faz com que colheitadeiras não possam operar, apesar das lavouras estarem prontas. Diretor da Agropecuária Canoa Mirim, em Santa Vitória do Palmar, Márcio Sanchez da Silveira diz que as máquinas estão paradas por falta de transporte para o arroz.
- Colhemos 300 hectares e agora estamos esperando. Quando não se não colhe, pode haver perda de qualidade, e há ainda o risco do clima - afirma.
Embora reconheçam a legitimidade do movimento, entidades tentam destrancar o caminho. Em nota, a Federação do Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) solicitou que os organizadores do movimento se sensibilizem "para a liberar o tráfego de cargas vivas, produtos perecíveis e alimentação dos animais". A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS) não descarta a possibilidade de ações judiciais.