Apesar de catapultar a esperança de boa safra, a expectativa de quantidade maior de chuva neste ciclo é apontada por especialistas como um risco para a proliferação de doenças e pragas nas lavouras, principalmente de soja. O alerta cresceu após a confirmação de que, na Região Central, foi detectada a Helicoverpa armigera, que causou apreensão em 2013.
Para orientar e prevenir, o controle de doenças e pragas em diferentes culturas será debatido hoje no 63º Fórum Permanente do Agronegócio. Um dos palestrantes, o professor e pesquisador da Universidade de Passo Fundo (UPF) Carlos Alberto Forcelini, diz que, no caso da soja, o produtor deve atentar para o tratamento de sementes e fazer a primeira aplicação de fungicida antes do fechamento das entrelinhas.
Forcelini também diz haver sérios riscos de problemas como a ferrugem asiática. Segundo ele, dependendo do produto químico usado, o valor investido em prevenção corresponde a cerca de 15% da perda total.
- Os tratamentos encarecem o custo de produção, mas as doenças e pragas são muito destrutivas. Como o valor de mercado da soja diminuiu, a única forma de manter maior lucratividade é fazer crescer a produtividade.
O PhD em Fitopatologia e consultor do Instituto Phytus Ricardo Balardin aponta dois problemas do ciclo atual: o desequilíbrio de chuva, que impacta em semeadura e pulverizações, e o maior nível de inóculo (partículas que podem causar doença) do que em outros anos:
- Agora, o produtor deve plantar e não acreditar que, pelo fato de ter uma estiagem de 15 dias, as doenças não estejam na lavoura, pois estarão. Se fizer o manejo adequado, tudo ficará sob controle. Neste ano de insumos mais caros e perspectiva de preço menor, é preciso ser mais conservador.
Chefe da divisão técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), João Augusto Telles destaca a importância de fóruns como o de hoje para ajudar a traçar a melhor estratégia:
- A meta é que o produtor possa decidir, com segurança, qual é o manejo mais adequado.
Cuidando da saúde da planta
A incidência de doenças compromete, basicamente, três componentes que afetam a produtividade da cultura.
Quantidade total: a doença compromete a germinação e o estabelecimento de bom número de plantas. Assim, pode haver um início de ciclo com morte de plantas mais jovens após emergirem.
Formação de vagens: neste estágio, a planta que tem boa sanidade e mínimo de estresse possível tem potencial maior. Se estiver prejudicada por doença, por exemplo, pode desencadear um menor número de vagens.
Peso do grão: é definido na segunda metade do ciclo, geralmente, quando as plantas formam vagem e enchem o grão. É importante que, nesta etapa, as folhas permaneçam sadias e sem doenças para formar um grão melhor.
Neste ano, a escolha do tratamento é mais importante. A resistência afeta um grupo químico, e os produtos que fazem parte dele são comprometidos. Então, uns sofrem mais, outros menos. A escolha tem de ser feita com muito cuidado e orientação técnica - Carlos Alberto Forcelini, pesquisador e professor da UPF
De olho nas lagartas
O risco de pragas existe em todas as fases e é influenciado por questões como ambiente, manejo e aplicação de químicos.
Vigilância desde cedo: as infecções por lagarta costumam ocorrer em períodos iniciais do ciclo, em especial quando há grande quantidade de chuva. As semeaduras feitas mais cedo têm risco maior.
Técnica e rapidez: o manejo de lagartas e insetos é mais técnico do que o de doenças, em especial porque o tempo de intervenção deve ser rápido e preciso, uma vez que o combate às lagartas dá mais resultado quando elas são jovens.
Cuidado no combate tardio: atuar preventivamente é o ideal. Depois que a praga se instalou, fica mais difícil removê-la. Além disso, fazer pulverizações mais constantes e em menor intervalo de tempo pode causar outros tipos de danos à planta.
Se o produtor quiser economizar insumos para prevenir pragas e doenças, precisa agir de forma preventiva e com foco em proteger a planta. Toda vez que se corre atrás do alvo e não se protege no momento certo, o resultado é mais custos, aplicações e danos - Ricardo Balardin, pesquisador e consultor do Instituto Phytus
63º Fórum Permanente do Agronegócio
Tema: Alta tecnologia e controle de pragas.
Local: Auditório principal do Parque de Exposições da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (ERS-142, km 24).
Data e horário: Hoje, às 10h. Haverá transmissão ao vivo do Canal Rural e do C2 Rural (c2rural.com.br).
Mais informações: pelo telefone (54) 3095-4954.
- O painel prevê a realização de palestras técnicas com profissionais especializados sobre diferentes segmentos do agronegócio.
- A entrada é gratuita e, para participar, não é preciso fazer inscrição prévia.