Receosos quanto à qualidade da safra gaúcha de trigo, em razão do volume de chuva no período que antecede a colheita, representantes do setor tentam antecipar o leilão do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) que inclui o Rio Grande do Sul. Entre as quatro ofertas programadas neste mês para garantir preço mínimo ao cereal, o Estado está incluído na última, no dia 28.
- A ideia é antecipar a venda de 50 mil toneladas para o dia 21. E deixar as outras 50 mil para o final do mês - explica Aureo Mesquita, secretário-adjunto da Agricultura e coordenador da Câmara Setorial do Trigo do Estado.
A medida é uma forma de garantir mercado ao produto gaúcho. Nesta terça-feira, no primeiro leilão do Pepro no mês, restrito à safra paranaense, foram negociadas 68 mil toneladas - apenas 42% das 160 mil toneladas colocadas à venda.
- O nosso medo é chegar ao final do mês com os Estados do Norte e do Nordeste já abastecidos com o trigo do Paraná. Não adianta fazer leilão se não tiver comprador - alerta Mesquita.
As duas regiões compram em média 290 mil toneladas da safra da Região Sul. Outra reivindicação a ser encaminhada ao Ministério da Agricultura é a inversão do calendário do Pepro em novembro, incluindo o trigo do Rio Grande do Sul já nos primeiros leilões.
O tempo chuvoso é outra preocupação, já que a previsão meteorológica para o mês é de continuidade das precipitações. Além de provocar doenças nas lavouras, a umidade prejudica o enchimento de grãos.
- Baixa qualidade do trigo gaúcho significa aumento do volume de importação para atender às indústrias de panificação. Mas ainda é cedo para prever qualquer repasse de preço ao consumidor - afirma José Antoniazzi, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado (Sinditrigo-RS).