As pedras do jogo têm se movimentado a favor da produção brasileira de carne. O crescente apetite chinês por proteína animal e a retomada das compras, após quase dois anos de embargo, abrem um espaço importante.
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Assim como a crise entre Rússia e Ucrânia, que fez acelarar a liberação de frigoríficos do Brasil aptos a atender o mercado russo. A estimativa é de um impacto positivo nas compras já neste ano.
Outros cenários, de países que são nossos competidores, também favorecem a pecuária brasileira. O rebanho americano reduziu de tamanho e é hoje estimado em 85 milhões de cabeças.
Situação semelhante, por motivo diferente, ocorreu na Argentina, que viu seu plantel chegar a encolher para algo em torno de 40 milhões de exemplares com as restrições impostas às exportações.
- O Brasil se mantém estável, com 200 milhões de animais - ponderou Gedeão Pereira, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado, ao fazer análise da condição da atividade dentro e fora do país.
Nessa fatia de mercado, os pecuaristas gaúchos também estão conseguindo um lugar de destaque graças ao fato de criarem em suas propriedades o tipo de animal que resulta na carne que o mercado busca nos dias de hoje.
A venda do gado terminado, pronto para o abate nos frigoríficos, também deixou de ser a única opção. Terneiros produzidos no Rio Grande do Sul são uma grande parcela dos animais enviados para a unidade de confinamento da JBS na cidade paulista de Guaiçara - que, por sinal, está sendo ampliada para permitir que o número de exemplares confinados anualmente cresça de 26,5 mil para 33 mil.
São matéria-prima para a linha de carnes premium Black Swift. Entram com peso na casa dos 300 quilos e são abatidos com até 550 quilos. A picanha da linha chega a ser vendida a R$ 120 o quilo em São Paulo.
O assunto é controverso - a indústria de carnes local se queixa que, ao mandar o produto não acabado, o Estado deixa de agregar valor à produção. Além disso, os frigoríficos daqui operam com ociosidade média de 30%, que se acentua na entressafra. Do ponto de vista do pecuarista, é uma oportunidade de negócio.
- Devemos sentir orgulho de ter o que o mercado quer - diz Pereira.