Candidatos ao governo gaúcho apresentaram suas propostas para o agronegócio em painel neste sábado na Casa RBS, durante a 37ª Expointer, em Esteio. No formato de sabatina, em entrevistas individuais de 20 minutos, os políticos responderam questões relacionadas à produção, infraestrutura, políticas de comercialização e de incentivo ao setor, que responde por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) no Rio Grande do Sul.
Os candidatos foram questionados pela mediadora Gisele Loeblein, editora e colunista do Campo e Lavoura, e também pela plateia. O evento, organizado por Zero Hora e Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), atraiu grande público à Casa RBS no primeiro dia da feira agropecuária.
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Confira as propostas defendidas pelos políticos, na ordem da sabatina:
Sobre as condições de logística, fundamental para escoar a safra de grãos, o candidato a reeleição Tarso Genro (PT) afirmou que a situação atual não é a ideal, mas que dará continuidade aos investimentos em rodovias e acessos municipais. Destacou o porto de Rio Grande, segundo ele, um dos mais eficientes do mundo.
- Já temos um caminho em andamento, o campo cresceu muito e por isso queremos continuar investimento em áreas estratégicas - disse Tarso, citando o financiamento de US$ 1 bilhão que o governo está buscando.
Quanto ao conflito envolvendo a demarcação de terras indígenas, o candidato afirmou que como ministro da Justiça foi um dos que mais demarcou terras no país.
- Aqui nós temos duas legitimidades em conflito. A resolução depende da capacidade política do governo federal e da postura que as partes irão assumir - disse.
Sobre irrigação, Tarso citou o programa Mais Água Mais Renda, que aumentou em 170 mil hectares a área irrigada no Estado nos últimos três anos. O candidato destacou ainda os investimentos feitos para modernização do parque Assis Brasil, cerca de R$ 11,5 milhões nos últimos anos.
O candidato José Ivo Sartori (PMDB) defendeu que os municípios tenham condições para se desenvolver, com investimentos em infraestrutura e capacitação de mão de obra.
- É necessário um equilíbrio para que não haja migração entre as regiões. Hoje é preciso remodelar o papel de extensão rural, o acompanhamento técnico deve ser cada vez mais qualificado.
Sobre a demarcação de terras indígenas, o candidato afirmou que o Estado precisa dialogar, mesmo que seja uma questão envolvendo o Ministério da Justiça.
- O governo dentro do seu território tem que dialogar, para que não aconteça o que aconteceu - disse Sartori, em relação aos dois agricultores mortos no Norte do Estado neste ano por indígenas.
Quando à cadeia produtiva do leite, alvo de fraudes desde o ano passado, Sartori defendeu uma legislação mais rigorosa para fiscalização.
- O Estado tem que ter um controle efetivo para não tirar a credibilidade do setor, pois os grandes prejudicados são o consumidor e o produtor - disse.
Sobre os projetos do atual governo em andamento, o candidato peemedebista afirmou que dará continuidade ao que estiver andando bem.
- Tudo o que tiver caminhando bem, vamos dar continuidade.
Roberto Robaina (PSOL)
O candidato do PSOL, Roberto Robaina, defendeu um novo modelo de produção, que não seja dominado pelos transgênicos e pela política de exportação.
- Esse é um modelo que nos trará prejuízos no futuro. No Rio Grande do Sul já temos essa situação consolidada, por isso propomos uma transição gradual, sabemos que não mudaremos de um dia para o outro.
Robaina disse que a alternativa é incentivar a agricultura familiar e fomentar o mercado interno.
- Não podemos aceitar a contradição entre a produção agrícola e a pobreza da população. O modelo atual é de uma economia focada na maior concentração de renda.
Entre as propostas de governo citou investimentos em ferrovias, para reduzir a dependência de rodovias para escoamento da produção. O candidato também defendeu que é preciso avançar no uso de hidrovias:
- Precisamos reverter o cenário atual, fomentando produções agrícolas sustentáveis - resumiu.
Indagada sobre os projetos em andamento na área da irrigação, a candidata ao governo do PP, Ana Amélia Lemos, afirmou que os programas podem ser ampliados, mas para isso é preciso condições básicas de infraestrutura.
- De que adianta irrigação se a energia é monofásica e a burocracia exige que os programas passem por quatro secretarias - perguntou a candidata.
Ana Amélia citou que 20% de toda a área irrigada no mundo responde por 40% da produção de alimentos do mundo.
- A burocracia talvez seja mais cara ao produtor do que a própria carga tributária, quando se perde tempo se onera a produção.
Ana Amélia defendeu ainda a necessidade de enxugar o número de cargos de confiança (CCs) no Executivo, hoje em torno de 6 mil, conforme a candidata.
- Precisamos todos solidariamente fazer um esforço para arrumar a casa. Os cargos devem ser ocupados por pessoas qualificadas, que tenham compromisso com a eficiência.
Quanto à infraestrutura, a candidata disse que uma das prioridades do plano de governo é levar acesso asfáltico as dezenas de municípios que ainda não têm a ligação.
O último candidato ao governo a participar da sabatina, Vieira da Cunha (PDT), falou sobre a necessidade de investir em pesquisa para aumentar a produtividade do setor primário.
- A pesquisa tem um papel fundamental e está diretamente associada a quem produz, por isso será uma área prioritária do nosso governo.
O candidato disse que a educação no meio rural terá atenção especial em seu mandato, caso seja eleito.
- Queremos proporcionar um acesso à educação pública de qualidade, com escolas em turno integral. A qualidade da educação está associada ao tempo de permanência dos alunos em sala de aula.
Sobre as condições de infraestrutura, Vieira defendeu a necessidade de melhorar as estradas para facilitar o escoamento da produção.
- Iremos reestruturar o Daer e chamar a iniciativa privada a investir.
Vieira destacou que apenas 3% da produção é transportada por hidrovias no Estado. Sobre irrigação, o candidato disse que é preciso ampliar o percentual de apenas 2% de áreas irrigadas, quando o percentual no mundo é de 20%.
Quanto à demarcação de terras indígenas, Vieira afirmou que o Estado precisa assumir seu papel para garantir a paz no campo.
- Há direitos nos dois lados, enquanto o Estado não entrar nesse assunto não iremos avançar, e outras mortes irão ocorrer.