Se dentro do governo o debate em torno dos ajustes na licença de operação do Mais Água, Mais Renda passou a ser tratado com discrição, depois da polêmica que colocou a Secretaria da Agricultura e a do Meio Ambiente em lados opostos, fora dos gabinetes o assunto continua repercutindo.
Quem vinha colhendo bons resultados na esteira do avanço do programa também se preocupa com eventuais alterações. É o caso da indústria de equipamentos de irrigação.
A gaúcha Fockink, de Panambi, produz pivôs e experimentou uma transformação com o programa, relata o diretor superintendente Siegfried Kwast. Antes do início dos projetos, operava em turno único, com 40% de ociosidade. Hoje, trabalha em três turnos. Também ampliou a fábrica para aumentar a produção em 40%.
Qualquer descompasso no ritmo do programa prejudicaria não apenas os investimentos feitos, mas também os empregos diretos e indiretos gerados pela indústria, completa o executivo.
- O Rio Grande do Sul depende muito do agronegócio. Esse programa (Mais Água, Mais Renda) é estratégico - avalia Kwast.
O peso dos negócios gaúchos aparece nos números nacionais. Do total de compras de equipamentos para irrigação no país no ano passado, 26% teriam vindo do Estado, conforme levantamento que está sendo fechado pela câmara setorial da Abimaq.
Na semana passada, Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado publicou nota em que lamentava que o projeto com "tantos benefícios e um dos mais importantes do Estado" corresse risco de terminar.
Enquanto as negociações por consenso seguem no governo, do lado de fora a torcida, como se vê, é para que o programa siga funcionando dentro da normalidade. Foi o que prometeu o governador na mais recente reunião com secretários.