As vendas de gado em pé do Rio Grande do Sul para outros Estados seguem avançando. No ano passado, cresceram 26% em relação a 2012, chegando a 47,64 mil cabeças, segundo dados do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura.
Esse quadro ganha interpretações diferentes em cada ponta do setor. Para os criadores, é uma chance de ampliar ganhos. Para a indústria, motivo de preocupação, já que há ociosidade de aproximadamente 30% na capacidade de abate.
Enquanto a oferta local não alcançar o potencial máximo - abate de 2,5 milhões de cabeça ao ano -, as vendas de gado em pé sempre serão vistas como algo preocupante, entende Ronei Lauxen, presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado (Sicadergs):
- Terneiros estão sendo selecionados para confinamento em São Paulo. Perdemos a oportunidade de qualificar nosso produto.
São Paulo realmente concentra as compras: foi destino de mais de 76% do gado em pé negociado em 2013. Um dos grandes compradores é a JBS, que não tem unidade de abate no Rio Grande do Sul. Terneiros e animais jovens produzidos aqui são levados para confinamento e depois se transformam em carnes premium.
A curto e médio prazo, não há sinais de mudança nesse quadro de crescimento das vendas interestaduais, avalia Fernando Velloso, da assessoria agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha. O contingente negociado dessa forma representa cerca de 2,5% do total de animais abatidos aqui, compara o consultor.
- Essa não é a principal causa da ociosidade da indústria - opina Velloso.
Lauxen argumenta que, apesar de reduzido, o volume pode representar o abate anual de dois frigoríficos médios gaúchos. No ano passado, a preocupação com esse tipo de venda fez com que a indústria sugerisse a adoção de taxa por cabeça negociada, mas a ideia não vingou.