Despertados pela última crise do setor, há três anos, os arrozeiros aceleraram um processo que vinha se desenhando e hoje tornou-se um caminho sem volta: a rotação do cultivo com a soja. Desde então, pelo menos 300 mil hectares de áreas de várzea na Metade Sul abriram espaço para a oleagionosa entrar e melhorar a produtividade das lavouras.
- O monocultivo do arroz fechou um ciclo. Se existem outras alternativas para essas áreas, como soja, pecuária e até mesmo milho, é preciso diversificar para ficar menos vulnerável e conseguir maior competitividade - ressalta o pós-doutor na área de arroz Enio Marchesan, professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Para Marchesan, a grande evolução ocorreu no momento em que os arrozeiros perceberam que com tecnologia e manejo do solo adequado é viável investir em outras culturas nas áreas de várzea - com ganhos consideráveis nos rendimentos.
- Na rotação, o produtor consegue reduzir a incidência de arroz vermelho e melhorar a estrutura do solo - destaca o professor.
As lavouras de arroz plantadas em cima de áreas cultivadas com soja no ano anterior chegam a ter um aumento de 15% na produtividade, conforme dados do Intituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
- Além dos benefícios da integração, com fixação de nitrogênio e redução de ervas daninhas, a rotação com a soja representa uma alternativa de renda para os arrozeiros - completa Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS).
Não é em todas as regiões do Estado que a rotação do arroz com a soja tem alcançado bons resultados. Em solos com teor alto de argila e clima com períodos de estiagem maior, como Uruguaiana, Quaraí e Alegrete, o cultivo da oleaginosa é mais complexo. A dobradinha vem agradando os produtores em municípios do Sul, como Santa Vitória do Palmar, Mostardas e Camaquã, e da região Central, como Restiga Seca e Agudo.