Das indústrias brasileiras abastecidas pelas boas colheitas de soja, a do biodiesel vive, neste momento, uma situação contraditória. Se por um lado as perspectivas de novos recordes para este ano são animadoras e abastecem com euforia o setor, por outro, a indefinição quanto ao marco regulatório preocupa.
Por enquanto, não há sinais, por parte do governo federal, quanto à adoção das novas regras que vêm sendo discutidas para a produção. O pedido é para que seja ampliado o percentual de adição do biodiesel, atualmente em 5%. A ideia é aumentar para 7% e, gradualmente, ir subindo para chegar a 20% em 15 anos. Segundo o presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel, deputado federal Jerônimo Goergen, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a medida provisória com o novo marco está na Casa Civil.
A espera por uma decisão acaba colocando em compasso de espera possíveis investimentos. Mais do que isso, tem feito com que muitas indústrias paralisem suas atividades.
- Também existem unidades prontas que não entraram em funcionamento - afirma Goergen.
E se dentro de casa a ausência de novos parâmetros causa indefinição, fora do país, a preferência pelo grão in natura cresce e compromete a competitividade da indústria.
- Estamos deixando de aproveitar uma grande oportunidade. No ano passado, tivemos a maior produção de soja, mas também cresceu o percentual de grão exportado - avalia Erasmo Carlos Battistella, presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio).
Como o Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel traçava a meta de se chegar a 5% de adição de biodiesel até 2013 - objetivo alcançado em 2010 - , sem um novo parâmetro cria-se uma lacuna para o setor que no ano passado movimentou entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões.